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25 de abril de 2024
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A real história da construção da nova cidade de Conceição do Canindé após enchente de 1960

Conceição do Canindé – A Terra Prometida 

Parabenizo a minha querida cidade de Conceição do Canindé, pelos seus 68 (sessenta e oito) anos de emancipação política (01/07/22),  esclareço a todos,  principalmente aos mais jovens, os reais fatos nunca mencionados pelos oradores nas comemorações, do referido aniversário da cidade.

Narciso de Almeida Passos (Santinho), o primeiro prefeito da nova cidade de Conceição do Conceição-PI
Narciso de Almeida Passos (Santinho), o primeiro prefeito da nova cidade de Conceição do Conceição-PI

A cidade Conceição do Canindé, foi emancipada no ano de 1954. O antigo povoado “Conceição”,  pertencia à cidade de Paulistana-Pi. 

O título de Conceição do Canindé,  foi em homenagem a Padroeira Nossa Senhora da Conceição e ao Rio Canindé,  que banha o recém criado município. Em 1954 , houve a primeira eleição municipal de prefeito e vereadores. Meu tio,  o Sr.  Narciso Brasileiro dos Passos, foi eleito prefeito para exercer o mandato entre os anos de 1954 ao ano de 1958.

Por essa data que o parabenizo a minha querida cidade de Conceição do Canindé, pelos 68 (sessenta e oito) anos da sua  emancipação política (01/07/22), esclareço principalmente aos mais jovens, os reais fatos nunca mencionados pelos oradores nas comemorações, do referido aniversário da cidade. A cidade Conceição do Canindé, foi emancipada no ano de 1954. O antigo povoado “Conceição”, pertencia à cidade de Paulistana-Pi. O título de Conceição do Canindé, foi em homenagem a Padroeira Nossa Senhora da Conceição e ao Rio Canindé, que banha o recém criado município. No ano de 1958, houve a segunda eleição no município, o meu pai, o Sr. Narciso de Almeida Passos, popularmente conhecido como seu “Santinho”, foi eleito democraticamente prefeito, para exercer o mandato para os anos de 1958 a 1962. Portanto o meu pai, o Sr. Narciso de Almeida Passos,  popularmente conhecido como seu “Santinho”, foi eleito democraticamente prefeito, para exercer o mandato para os anos de 1958 a 1962.

Em 21 de março de 1960,  a cidade velha de Conceição do Canindé,  foi totalmente destruída, pela enchente, período das cheias (pelas águas) do Rio Canindé, causando uma situação de calamidade pública, na qual,  muitas das famílias que perderam as suas casas, não tinham prá onde irem ou seja, estavam sem moradia. O prefeito Narciso de Almeida Passos ( Santinho  ) , com apenas um ano e dois meses de sua gestão, à frente de uma cidade, totalmente destruída, e com uma prefeitura que não disponha de recursos algum, e que se quer tinha qualquer tipo de transporte, nem mesmo um caminhão, para efetuar as mudanças, ou transportar àquilo que poderia aproveitar, dos escombros das casas demolidas, pelas as águas do rio canindé. Não havia se quer trator na cidade, para que se pudesse alugar. A residência do sr prefeito, foi uma das primeiras casas, à serem inundadas, pela as cheias do rio canindé e que também veio a desabar. 

Uma cidade totalmente destruída e sem nenhum tipo de comunicação. Na época, não existia se quer telefone fixo e muito menos celular, como também não havia televisão e nem computador. 

 Na mesma semana em que a cidade foi destruída,  o prefeito seu “Santinho ” , enviou uma carta para a filha, Hildete Passos Mendes da Fonseca,  esposa do Marechal Delson Mendes da Fonseca, que residia em Copacabana, Rio de Janeiro, pedindo ajuda para os desabrigados da cidade de Conceição do Canindé. Assim que a carta chegou ao seu destino, às suas filhas: Hildete Passos Mendes da Fonseca , Yolanda de Almeida Passos  e Corina de Almeida Passos,  lideraram uma campanha,  para pedir ajuda de alimentos , roupas e  calçados,  nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. As doações arrecadadas, para os desabrigados da cidade de Conceição do Canindé,  foram transportadas por aviões do exército brasileiro, da cidade do Rio de Janeiro,  até a cidade de Conceição do Canindé  no Piauí. Assim que os aviões chegarem a cidade de Conceição do Canindé,  todas as doações que estavam dentro do avião,  foram arremessadas sobre um terreno baldio mais próximo da população,   porque  não havia pista de pouso, para as aeronaves aterrisarem.

Com a destruição da cidade, e o eminente risco do Rio Canindé causar outra enchente, tornaria inviável reconstruir a cidade no mesmo local.  A melhor solução era procurar outro local para construir a nova cidade.

 O prefeito “Santinho”, ouvindo  as lideranças políticas,  tanto da situação e da oposição, qual seria o local apropriado para a construção da nova cidade.

Na opinião dos seus aliados políticos, a nova cidade, seria construída na localidade Lagoa Grande, que fica logo acima do Poço do Cais ; por outro lado,  a oposição sugeriu no Povoado Pinheiros. 

 A senhora Josefa Ferreira Lima, parente da esposa do prefeito,  senhora Maria Lima dos Passos (Dona Caçula) , fez a doação de uma área de terra, na localidade “Chapada do Peixe”, para a construção da nova cidade de Conceição do Canindé. 

No ano de 1.961, as filhas do prefeito “Santinho”, as senhoras: Hildete Passos Mendes da Fonseca e também sua irmã Yolanda de Almeida Passos, conseguiram agendar uma audiência pública, do prefeito Narciso de Almeida Passos (Santinho), com o presidente da República Jânio Quadros. O presidente recebeu o prefeito “Santinho”, da cidade de Conceição do Canindé- Pi , e prometeu enviar a ajuda para a construção da nova cidade, porém antes que as tais ajudas chegassem,  o presidente da República renunciou o cargo e assim, as tais promessas de ajudar a construir a nova cidade de Conceição do Canindé, não se concretizaram ou seja, nunca chegaram. O  governador do estado do Piauí da época, também não deu a devida ajuda financeira e  nem se quer  enviou o maquinário para a construção da nova cidade, simplesmente porque o prefeito “Santinho”, ter sido oposição ao seu governo do Estado. E , mesmo sem ter recebido ajuda do governo Federal, nem do governo estadual, o prefeito Narciso de Almeida Passos  (Santinho), não abaixou a  cabeça em momento algum, por que ele tinha como meta principal, à construção da nova cidade de Conceição do Canindé. Para alcançar seu objetivo, o prefeito (Santinho), não mediu esforços para ver o seu sonho, ser realizado.

De posse da planta da nova cidade de Conceição do Canindé,  assinada pelo engenheiro Gildemar Gomes dos Passos, o momento era de arregaçar as “mangas”  e começar a construção da nova cidade com o desmatamento, feito da forma mais primitiva, que se possa imaginar. Na época, não existia um simples motoserra, e todos os serviços de desmatamento,  foram realizados usando apenas a foice e o machado. 

 Me lembro que, o desmatamento para a construção da nova cidade, iniciou-se na estrada carrocável, que liga a antiga cidade de Conceição do Canindé, hoje Povoado Rua Velha, à localidade Saco da Manga; estrada que, com a construção da nova cidade, parte dessa mesma estrada, foi substituída pela a rua 3 L. Após o desmatamento correspondente à área da nova cidade,  foi efetuado a queima, da mesma maneira,  como era feita no tempo dos indígenas, quando eles preparavam o seu roçado , para poder plantar. Feito a queima da área desmatada,  para a implantação da nova cidade, começou o processo de destocar ou seja, arrancar os tocos e as raízes das árvores, na base da chibanca, por homens fortes filhos do lugar, que já tinham experiências em tais serviços, nas suas labutas diárias. Esses homens, mereciam ter os seus nomes e fotos, estampados em um mural, para que as futuras gerações, tomem conhecimento, desses verdadeiros guerreiros. 

 Dentre as centenas de trabalhadores, que contribuíram para a construção da nova cidade, eu posso citar alguns nomes:

– O sr José Jacinto de Carvalho, mais conhecido como “Etero”, que foi o encarregado de turma, responsável por todos os serviços de desmatamento e destoca, da nova cidade. 

– o sr Zulmiro João de Sousa, encarregado pelo os serviços de construção de estradas carroçáveis, feito  de modo manual. Cito o trecho de estrada carrocável, ligando a nova cidade de Conceição do Canindé à localidade Santa Bárbara. 

– O sr Aprígio Reis, conhecido apenas por “Dodô”, que foi o primeiro a fabricar tijolos e telhas, de forma artesal, na nova olaria da Lagoa do Peixe. 

– O sr Raimundo Nonato de Oliveira, conhecido até  hoje como Raimundo da Lagoa; que juntamente com o seu companheiro de trabalho Genésio, muito contribuíram para a construção da nova cidade, com a fabricação artesanal de muitos milhares de tijolos.

– o sr José Cassimiro da Costa,  pedreiro e mestre de obras, responsável de acompanhar os serviços de topografia e também, de medir os lotes urbanos , para construção de casas. 

 A senhora Hildete Passos Mendes da Fonseca, conseguiu através do seu marido, o Marechal Delson Mendes da Fonseca, que a Sudene, vinhesse a instalar um acampamento, na nova cidade de Conceição do Canindé , que se encontrava  em construção e que tinha como finalidade principal, a perfuração de poços artesianos ou tubulares. Na  época,  o poço artesiano equipado com sonda,  corda e carretilha, era um grande avanço e novidade para aquela população, que só conheciam os poços tipo cacimbão, cavado manualmente e que também, se   utilizava um carretel, geralmente feito de madeira, corda, lata ou balde, para retirar água, para o consumo, ou em cacimbas, abertas no leito do Rio Canindé,  caixilhos e tanques, que tinham a finalidade de armazenar água, para o período de estiagem prolongado. A Sudene contribuiu muito fornecendo água potável para a população local. 

 Após o desmatamento, a queima e a destoca, deu-se o início a construção da nova cidade, que começou pelo os serviços de topografia, e em seguida, as construções de casas residenciais, com o apoio da prefeitura municipal, que fez a doação de lotes urbanos, para todos aqueles que pretendiam construir suas casas. 

  A cidade de Conceição do Canindé, dentre tantas outras  milhares de cidades, é uma das poucas cidades do país, que não tem um único barraco (pau-a-pique), para o orgulho de sua população, pois todas as suas casas, são construídas com tijolos e telhas (alvenaria). 

 Ainda na gestão do prefeito Narciso de Almeida Passos (Santinho), foram construídos os prédios da prefeitura municipal, da câmara municipal, o cemitério público, a igreja católica, o prédio escolar Celestino Filho, o chafariz público composto de lavanderia e banheiros coletivos, com torneiras para que as pessoas pudessem pegar água, pra levar para as suas casas , por que não havia água encanada na cidade. O chafariz público, que se encontra desativado,  ficava na rua S 1 esquina com a rua L 2.

Finalizo dizendo que eu, Paulo de Almeida Passos, fui testemunho ocular, desde a destruição da antiga cidade de Conceição do Canindé, hoje Povoado Rua Velha, pelas cheias do Rio  Canindé,  e também da construção da sede da nova cidade de Conceição do Canindé, que foi inaugurada ainda na gestão do sr prefeito Narciso de Almeida Passos (Santinho),  em 07 (sete de Setembro do ano de 1962). As pessoas dessa cidade, com idade acima de setenta anos de idade, se lembram que, na fachada do prédio da prefeitura municipal da nova cidade, estava escrito em letras de alto relevo : Prefeitura Municipal de Conceição do Canindé,  Inaugurada em 07/09/1962 . Lamentavelmente, numa das reformas do prédio da prefeitura,  não tiveram o devido cuidado, de manter a originalidade  em manter os letreiros na fachada do prédio da prefeitura da nova cidade de Conceição do Canindé. 

Meu nome é Paulo de Almeida Passos,  tenho completos  setenta anos de idade , sou filho do sr Narciso de Almeida Passos, mais conhecido como seu “Santinho” , o prefeito que idealizou e construiu  a nova cidade de Conceição do Canindé,  e também filho da sra Maria Lima dos Passos,  (Dona Caçula),  que  foi a primeira dama do município , da nova cidade de Conceição do Canindé, dentre tantas outras  primeira damas, que surgiram posteriormente a ela.

 Menciono nessa matéria, nomes de pessoas, com idade acima de setenta anos, com a graça de DEUS, assim como Eu, estão vivas e lúcidas, para testemunhar tudo que foi relatado e,  após ler ou ouvir os relatos acima mencionados, permitiram que seus nomes fossem citados:

– Alcides João Rodrigues 

– Helvécio Lopes Buenos Aires 

– José Vieira da Costa 

– Alceu Ferreira Lima 

– Júlio José Filho 

– Raimundo Nonato de Oliveira 

– Luísa Alves Lima de Oliveira 

– Maria do Carmo Carvalho de Souza 

– Clarinda Maria da Conceição 

– Ananias José Filho 

– Francisco Almirante de Carvalho 

– Lourenço Dimas de Sousa 

– Hilberto Erasmo Juscelino de Carvalho 

– José Antônio de Macedo ( Zé Lalú )

– João José de Carvalho 

– Dulcineia Petronila Deodoro

-João José Filho (João de Zezô) 

Fonte: Paulo de Almeida Passos

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