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29 de março de 2024
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APPM: por que a entidade é tão atraente aos prefeitos do Piauí?

De quatro em quatro anos, além das eleições municipais no Piauí, também ocorrem logo em seguida a disputa ao cargo de presidente daquela que é a ‘galinha dos ovos de ouro’ para qualquer gestor municipal do Estado: a Associação Piauiense de Municípios (APPM). Conheça o faturamento mensal da entidade, os benefícios ofertados aos municípios filiados, o que pensa o seu atual presidente, e o andamento da disputa para o próximo quadriênio.

São 37 anos de suporte aos municípios piauienses, disponibilizando aos seus gestores congressos estaduais, concentrações regionais, reuniões microrregionais, cursos e seminários. Segundo a entidade, tudo voltado para o estudo de problemas de interesse local e de interesse também do próprio Estado.

Além desses benefícios, os municípios filiados à associação ganham o seu próprio site institucional para informar à população das ações daquela gestão, e o sistema Portal da Transparência, que dá direito ao cidadão acompanhar a execução financeira da sua cidade.

Em um levantamento realizado, foi constatado que dos 224 municípios do Piauí, 200 estão filiados a APPM. Entre os filiados, apenas 133 gestores municipais demonstraram interesse no recurso Portal da Transparência da associação.

Questionada sobre valores cobrados às prefeituras por todas estas beneficies, a entidade informou que o cálculo é baseado no coeficiente de arrecadação do município, portanto, varia entre R$ 2.000,00 a R$ 2.200,00.

LUCRO MENSAL

A priori, você pode achar baixo o valor cobrado para uma prefeitura ser filiada a APPM. Entretanto, quando multiplicado aos 200 municípios, chega-se a uma média de R$ 200 mil por mês e R$ 4,8 milhões por ano.

ATUAL GESTÃO

Arinaldo Leal, atual presidente da APPM, eleito por duas vezes. (Foto: Reprodução/Appm)

Arinaldo Leal, atual presidente da APPM, eleito por duas vezes. (Foto: Reprodução/Appm)

Reeleito com 81 votos, no ano de 2014, o prefeito de Vila Nova do Piauí (384Km de Teresina), Arinaldo Antônio Leal (PSB), se consagrou no seu segundo mandato a frente da APPM.

Entre suas metas, destacaram-se a melhoria na arrecadação dos municípios, com o objetivo de não comprometer a lei de responsabilidade fiscal, evitando posteriores problemas com o Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Em um breve balanço, o presidente disse, que esta foi a maior conquista e legado da entidade. “Primeiro ponto de grande alcance da nossa gestão foi a interação dos prefeitos e depois a aproximação dos municípios com os órgãos de controle. Hoje temos todos eles seguindo as orientações legais, a fim de melhorar suas próprias gestões”, explicou o presidente sobre o projeto voltado para a melhoria na arrecadação das cidades.

Sobre o futuro da APPM, Arinaldo diz acreditar em um novo modelo de gerir a coisa pública. “A gestão pública está passando por uma transição, não se tem mais espaços para gestões desastrosas. O caminho agora em diante é buscar eficiência, diálogo entre os poderes”, adiantou.

 DIFICULDADE DOS MUNICÍPIOS

Com a queda nas arrecadações do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), em consequência da crise econômica do país, o reflexo nos municípios piauienses é drástico. Para Arinaldo Leal, esta será a maior dificuldade dos novos e reeleitos prefeitos do Estado nos próximos anos. “Eu acho que a principal dificuldade dos municípios nesses próximos anos será a questão financeira, sem dúvidas. Nos últimos anos, os municípios absorveram muitas despesas e, se o prefeito não colocar os pés no chão, terá graves problemas”, pontuou.

TROCA DE FARPAS

Com a evidência de que a Associação Piauiense de Municípios é um dos locais mais atrativos pra quem pretende fortalecer-se politicamente no Estado, a disputa pela sua presidência é propensa a fortes acusações durante seus pleitos, isto quando não há consenso entre as chapas. Foi o que aconteceu no início da campanha dos candidatos a entidade, Gil Carlos (PT), prefeito de São João do Piauí, e da prefeita de Altos, Patricia Leal (PT), que acabou desistindo da corrida há um mês e meio da eleição.

Gil Carlos, Patricia Leal e Arinaldo Leal.

Gil Carlos, Patricia Leal e Arinaldo Leal.

Utilização da estrutura da entidade para eleger Gil Carlos, foi uma das acusações feitas por Patricia ao atual presidente. Ele, por sua vez, rebateu explicando que a candidata precisava encontrar um plano de ação para sua campanha. E, que tudo não passava de desespero de Patricia Leal. A pergunta é: restou magoas dessa disputa?

A reposta, segundo Arinaldo, está no comportamento dos prefeitos. “Os colegas eleitos, os meus amigos prefeitos se afastaram de quem fez tais acusações. Porque sabiam que não eram verdadeiras, quem me conhece sabe. Então, não ficou nenhuma mágoa não”, explicou, lembrando que achou contraditório Patrícia Leal querer ser presidente da Appm e após desistência da candidatura falar em desfiliação da entidade.

TRANPOLIM PARA 2018

Questionado se os oito anos de presidência foram focados nas próximas eleições de 2018, Arinaldo não é enfático: “Não tenho muitas pretensões. Mas se o cavalo passar selado, eu pulo e sigo em frente. Vamos ver as oportunidades”, pontua.

CANDIDATO ÚNICO

Graduado em medicina pela Universidade Federal do Piauí (Ufpi), o prefeito reeleito de São João do Piauí, Gil Carlos Modesto (PT), está quase certo de ser o primeiro petista a assumir a presidência da APPM para os próximos quatro anos.

Gil Carlos Modesto, candidato único à presidência da APPM. (Foto: Reprodução/Internet)

Gil Carlos Modesto, candidato único à presidência da APPM. (Foto: Reprodução/Internet)

A viabilidade de sua vitória tornou-se real, após a sua oposição representada pelo prefeito de Santo Antônio de Lisboa, Welington Carlos (PP), não fazer o registro da chapa. Se houve acordos, quantos votos terá e o que pretende fazer, caso seja eleito nesta sexta-feira (06/01), o ‘quase eleito’ – como é chamado nas rodas politicas – responde.

“Eu conversei com Welington a última vez em novembro, e não fiz acordo. Ele na época se mostrou simpático a nossa candidatura. De lá pra cá, não nos encontramos mais”, esclarece Gil Carlos.

Sobre os apoios recebidos pelos municipalistas, Gil Carlos revela que somam mais de 150 prefeitos adeptos a sua candidatura. “Eu conversei com quase todos os prefeitos, hoje acho que cerca de 120 a 150 votos estão garantidos”, afirma, lembrando que 123 já seria o suficiente para sua vitória.

Eleito prefeito de São João do Piauí, com 5.619 votos, e tantas outras atribuições como médico, a presidência da associação poderia vir a atrapalhar o andar da carruagem de suas atividades. Este é o pensamento de muitos, quando olham para todo o contexto.

Porém, para Gil Carlos esse é seu momento de capitanear a APPM. “É um momento crítico, precisamos dar força à APPM. É delicada a situação dos municípios por conta da crise. Por isso quero contribuir nessa gestão”, disse, justificando que a sua contribuição poderá ter início a partir de reformas física e organizacional dentro da própria entidade.

Convicto de que as acusações feitas no início da campanha fazem parte do embate, ele disse, que quer mesmo é trazer mais municípios à Casa.“Eu quero fazer uma gestão compartilhada, trazendo mais prefeitos para se filiar, otimizando processos, modernizando ainda mais a entidade. Tudo isso em comum acordo com todos os gestores”, explica.

Assim como Arinaldo Leal e tantos outros prefeitos que já passaram pela associação e em seguida se candidataram a eleições para cargos majoritários, Gil Carlos comprova que o posto em questão é de “ouro”, adiantando sobre 2018. “Não fechamos porta, e não posso antecipar decisões futuras”, finaliza.

 

 

Fonte: OitoMeia

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