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23 de abril de 2024
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Cáritas de Picos: Promovendo Vida no Semiárido Piauiense

A Cáritas Brasileira é uma entidade fundada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano de 1956, tem como objetivo o desenvolvimento humano. No Piauí ela atua há 25 anos, seus projetos visam beneficiar o semiárido, assegurando melhoria na alimentação e reforma no desenvolvimento sustentável hídrico.
Na região Vale do Guaribas, a Cáritas desenvolve projetos de convivência com semiárido, que buscam conscientizar através de palestras sobre formas de se conviver com a seca. A Cáritas desenvolve o trabalho de economia solidária, que tem como objetivo auxiliar os agricultores através de recursos obtidos inicialmente com as cooperativas Alemãs e posteriormente também financiados pelo governo.

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Alunos da Faculdade R.Sá responsáveis pela reportagem – Foto enviada por José Francisco para a redação do portal Cidades em Foco

Entre os projetos já finalizados é possível citar Cisternas para o Desenvolvimento da Agricultura. Em curso estão os projetos Sementes do Semiárido e Cisternas nas Escolas, e existe ainda o projeto P1+2.
Sementes do Semiárido
O projeto Sementes do Semiárido, segundo o coordenador técnico do projeto, Raimundo Duvale Azevedo, trata-se de um projeto inserido em um programa, que trabalha não só na região do Piauí mas também em diversos estados do Nordeste. “O projeto está dentro de um programa chamado manejo da Agrobiodiversidade do Semiárido Brasileiro. Incluindo 8 estados do Nordeste. É um projeto bem amplo, mas nós trabalhamos especificamente no Vale do Guaribas”, comenta Raimundo Azevedo.

Armazenamento de sementes.
Armazenamento de sementes.

Um dos objetivos do projeto é aumentar o estoque de sementes para disponibilizá-las aos agricultores, e com isso, fazer com que garantam a permanência dessas sementes nas comunidades, porque segundo o coordenador do projeto, a seca atrapalha na preservação das sementes.

“Um dos objetivos do projeto é a preservação de sementes que estão sendo perdidas pela seca” afirma Raimundo Duvale. O coordenador também retratou que o projeto já havia sido implantado em outras regiões do país, mas demorou a chegar ao semiárido.

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Projeto Cisterna na Escola – Foto enviada por José Francisco para a redação do portal Cidades em Foco

 

“No Rio Grande do Sul já se desenvolveu isso há algum tempo, na região do Rio de Janeiro também já se desenvolveu isso […], no semiárido já havia a necessidade, mas havia um preconceito, o semiárido era considerado pobre, existe essa discriminação” explica o coordenador do projeto.

Cisternas para o Desenvolvimento da Agricultura e Cisternas nas Escolas
A região nordeste tem suas águas divididas de forma que uma parte da população é agraciada com um maior recebimento enquanto outra parte não recebe a mesma quantidade ou não a recebe de forma proporcional, para o desenvolvimento da agricultura.

Cisterna de 16 mil litros.
Cisterna de 16 mil litros.

O acesso à água é direito humano básico, visando isto, a Cáritas efetuou o projeto Cisternas Para o Desenvolvimento da Agricultura, que tem como objetivo levar água para as localidades que não contam com este abastecimento e que sofrem com as irregularidades do período chuvoso do Semiárido.

O primeiro projeto efetuado na região semiárida do estado do Piauí foi o Programa Um Milhão de Cisternas, P1MC, que desenvolveu cisternas com capacidade de até 16 mil litros, que capta à água da chuva visando o estoque para usos diversos, tais como o consumo humano e de criação, além de auxiliar na produção de alimentos. É uma tecnologia desenvolvida de agricultores para à agricultura.

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Construção de cisterna do projeto Cisterna na Escola – Foto enviada por José Francisco para a redação do portal Cidades em Foco

Visando  maior desenvolvimento da agricultura desenvolveu-se o projeto com cisternas de 52 Mil Litros exclusivamente adaptadas para o uso na roça. Essas cisternas são reservatórios de água que ficam enterradas, tendo apenas a cobertura acima do terreno.
Existem outros projetos como as “cisternas de enxurradas com capacidade de 52 mil litros ou barragem subterrânea, que são chamadas hoje de reserva de água subterrânea do semiárido brasileiro. É uma tecnologia desenvolvida também pela Embrapa e outros organismos”, destaca o coordenador Raimundo Azevedo.

Cisterna de 52 mil litros.
Cisterna de 52 mil litros.

O Coordenador  explica que para implantar  um projeto em determinada localidade eles usam o mapeamento da região, pegando de uma área que já foi beneficiada e levando mas à frente para que se dê sequência ao projeto. O cadastramento se dá através dos TP, que são Termos de Parcerias, fechados diretamente com o Governo Federal.
“Primeiro é o cadastramento das famílias, levando em consideração se ela tem Bolsa Família, se tem Seguro Safra, se tem propriedade rural, se ela mora de fato no meio rural, e se ela não tem água encanada.Estes são os fatores a serem levados em consideração. Depois dessas famílias cadastradas, elas começam dois processos de capacitação antes da construção. O primeiro processo de capacitação a gente chama de Gestão de Manejo de Água, para a Produção de Alimento e depois é o Manejo Simplificado de Irrigação, que é utilizar água das cisternas racionalmente para gerar alimento”, explica.

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“A escola tem um potencial transformador na vida da comunidade escolar. O programa Cisterna nas Escolas veio para proporcionar a democratização da água, tornando a água de beber em água de educar, ou seja, um instrumento de educação contextualizada”, disse José Francisco.

 

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Mas o coordenador destaca também que se a família tiver água encanada em quantidade e qualidade, mesmo ela residindo na zona rural, ela não terá direito à implementação do projeto. Visto que é um projeto para beneficiar regiões que não contam com o abastecimento de água ou que não a tem com qualidade.
“Se a água for de poço, tem o registro do poço pela CPRN, que diz o índice de salinidade do poço. Então se o índice de salinidade daquela água tiver próximo a comprometer aquela família então ela obtém a implementação, mesmo ela tendo água encanada, ” explica o coordenador.
Dentro dos projetos de cisternas está em andamento o Cisternas nas Escolas, que visa a melhoria da qualidade de água para as escolas da zona rural. Tendo suas utilidades em usos diversos tais como a limpeza do meio escolar, distribuição do fornecimento de água de qualidade dentro da escola e no preparo da merenda escolar.
O projeto está em andamento deste de 2015 e somente no estado do Piauí já criou cerca de cento e sessenta e seis cisternas nas escolas de comunidades rurais “o projeto foi enviado e começado a executar no ano passado a ideia é a gente construir cinco mil cisternas nas escolas públicas do meio rural. De 2015 até agora início de 2016 foi realizado a primeira etapa que construiu duas mil e quinhentas cisternas e a ideia é dar continuidade até o final do ano para complementar o restante das dois mil e quinhentas para fechar as cinco mil cisternas.”, explica José Francisco, que é o responsável pelo desenvolvimento deste projeto na região Vale do Guaribas.

Aprendendo com a contextualização.
Aprendendo de forma contextualizada.

Acrescento que o projeto tem como objetivo principal a construção das cisternas, mas este não é o único benefício, também busca incentivar os educadores a trabalharem a grade curricular contextualizada com a realidade local, associando os desafios para a convivência com o semiárido, ao conteúdo ministrado. “Através das cisternas dá para vocês estudar o raio, diâmetro, as cisternas têm 52 mil litros cúbicos de água, como pode medir isso? Todas as matérias dão para trabalhar a questão da contextualização”, afirma o coordenador deste projeto.
Os municípios que são agraciados com o projeto são previamente selecionados através de uma lista disponibilizada pelo MEC. Após selecionados, ocorre o processo de capacitação do município, com palestras ministradas para a comunidade com o intuito de promover um desenvolvimento igualitário do projeto.
Para dar andamento foi necessário visitar as comunidades explicando para a população de onde é que vem os recursos e como eles funcionam, tendo em vista a resposta da comunidade. “É um projeto participativo, ele contempla a questão dá alimentação dos participantes, material didático, a construção, a mão de obra, pedreiro e servente ” afirma José Francisco.
No estado do Piauí os projetos desenvolvidos pela Cáritas e seus colaboradores já beneficiaram centenas de famílias. Seus projetos de cisternas permitiram as famílias beneficiadas a melhoria na qualidade de vida, tanto na vida escolar dos filhos, quanto melhoria na qualidade da saúde familiar. A implantação deste projeto também permitiu às famílias terem mais tempo hábil para investir na agricultura visando aumentar o cultivo.

 

Matéria produzida por alunos do 3º período de Jornalismo da Faculdade R.Sá / Vemverosemiarido

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