26.2 C
Jacobina do Piauí
26 de abril de 2024
Cidades em Foco
DestaqueGeral

Comunidade Quilombola mantém viva sua cultura em Paquetá: ‘lutar todo dia, lutar sempre’

Roda de leseira é tradição no Quilombo Custaneira Tronco — Foto: Reprodução /TV Clube

A comunidade quilombola Custaneira Tronco, localizada no município de Paquetá do Piauí, é um exemplo de resistência. Formado por 45 famílias, o quilombo carrega consigo uma história de fé e luta de escravos que se refugiaram no município e ajudaram a criar a comunidade.

“Hoje, a comunidade quilombola se mantém viva diariamente com essa força da ancestralidade para educar e fazer crescer cada vez mais esses valores que, para nós, são o maior presente e maior tesouro deixado pelos nossos ancestrais”, disse Pai Naldo, mestre do quilombo.

A roda de leseira, o samba de cumbuca, de São Gonçalo, de São Benedito e o reisado fazem parte da cultura da comunidade. Além disso, segundo Pai Naldo, a base de toda a ancestralidade do povo é o terreiro de religião de matriz africana, a Casa de Guerreiro Caboclo de Oxóssi.

“A gente está sempre na luta e lutar é um objetivo de cada um de nós. Lutar todo dia, lutar sempre. Desistir nunca. Então, é para fazermos e mostrar a nossa leseira para todo o Estado do Piauí”, comentou o mestre.

História

Comunidade é formada por, aproximadamente, 140 pessoas — Foto: Reprodução /TV Clube

Comunidade é formada por, aproximadamente, 140 pessoas — Foto: Reprodução /TV Clube

A comunidade Custaneira Tronco se formou após a chegada de negros que foram postos em liberdade. Na época, o local ainda não havia sido ocupado e possuía bastante água, o que garantiu a sobrevivência deles.

“A comunidade se formou quando os primeiros negros saíram das senzalas, das casas grandes e não tinham espaço para trabalhar e ter o seu sustento. Dizem que os negros foram libertados, mas deram uma libertação em que o negro não tinha como sobreviver. Então, o negro se sujeitava a trabalhar para os mesmos patrões para sobreviver. Eles vieram para essas terras que eram desocupadas e que tinha muita água, e começaram a fazer agrupamentos. A partir disso surgiu essas famílias que aqui estão hoje”, lembrou Pai Naldo.

Além dela, outras comunidades se formaram na região, como é o caso do quilombo Lagoa Grande, em Santa Cruz do Piauí.

“No nosso quilombo desenvolvemos a dança de São Benedito, de São Gonçalo, as leseiras e outras coisas. Temos 46 famílias, um grupo de jovens, formado por cerca de 15 pessoas, e os outros são mais velhos de idade”, relatou o líder Abdias Ferreira.

Preconceito

Quilombo resiste ao preconceito e a discriminação — Foto: Reprodução /TV Clube

Quilombo resiste ao preconceito e a discriminação — Foto: Reprodução /TV Clube

Os quilombos ainda sofrem com discriminação. Para Pai Naldo, as tradições de sua comunidade servem não somente para manter a cultura viva, mas para promover a igualdade.

“Muitos negros foram excluídos de salas de dança, porque os negros não podiam estar nas mesmas salas com os brancos. A leseira mostra a igualdade na dança, então, não separa cor de pele, mas une porque somos todos humanos”, pontuou o mestre.

“O quilombo é a minha identidade. Toda a minha família é descendente quilombola. Aqui eu me sinto tranquilo, em casa, em família, não só pela comunidade, mas também me encontrei, de verdade, na espiritualidade”, desabafou o professor Francisco de Assis, morador da Custaneira Tronco.

Fonte: G1-PI

Notícias relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Se você está de acordo, continue navegando, aqui você está seguro, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia mais