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26 de abril de 2024
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Dirceu Andrade

Dirceu Andrade no Cirando espaço de cultura, Picos, foto: M.N
Dirceu Andrade no Cirando espaço de cultura, Picos, foto: M.N

Pensei encontrar uma pessoa hiperativa e cheia de pegadinhas. Eu estava preocupada em como rebater suas piadas ou gracejos. É isso que se espera, pelo menos eu esperava, dos humoristas.

Encontrei Dirceu Andrade calmo, sereno e tranquilo. Sim, tudo isso e mais algum adjetivo que esteja no campo semântico da estabilidade. Atendeu-me, pessoalmente, com a mesma educação que me havia mostrado via internet.

Acompanhei-o durante o jantar, que foi interrompido por uma ligação da organização do show, pedindo que fosse passar o som. Ele me convidou a ir com ele até o local. Com muita tranquilidade, passou o som, conversou comigo. E não deu nenhum xilique normal dos artistas. Me encantou sua serenidade. Dirceu veio a Picos pela décima terceira vez, ao Ciranda espaço de cultura e lazer, desta vez com o show O Sovaco da cobra.

Ele me deixou tão à vontade que não aconteceu a entrevista, apenas um bate papo entre velhos conhecidos de dez minutos. O tempo não indica intensidade. E minhas perguntas acabaram se tornando obsoletas, o que importava mesmo era estar em sua companhia e deixar a conversa fluir naturalmente.

Detalhes do cenário. foto: M.Nilza
Detalhes do cenário. foto: M.Nilza

Ainda, por não perder o foco jornalístico, liguei o gravador e fiz as três perguntas norteadoras que havia proposto por antecipação. Foram respondidas com muita naturalidade e sem nenhuma mise en scène.

O humorista falou sobre sua forma de criação, disse que faz muita pesquisa para compor o espetáculo em parceria com a equipe.  Na montagem de um show, primeiro escolhe o nome e a partir do tema busca os elementos para “dar a volta no objeto”.

Dirceu Andrande testando o som. ao fundo (camisa preta) o músico Chagas Santos e o ator Sávio Barão. foto: M.N
Dirceu Andrande testando o som. ao fundo (camisa preta) o músico Chagas Santos e o ator Sávio Barão. foto: M.N

Para Dirceu, o melhor dos quatorze shows que já fez, foi o Forró do cabôco, o qual se baseou em experiências e conhecimentos do mundo dos forrós e nas pesquisas feitas para compor o personagem principal. Falou do amor que tem pelo teatro e sua profissão de humorista, disse que mesmo se um dia ganhasse na loteria ainda assim faria alguns shows só para satisfazer a alma.

ENTREVISTA

Dirceu iniciou sua vida de humorista aos cinco anos quando ouvia seu avo contar piadas e, era incentivado a contar também. Por isso lhe pergunto se no intervalo da adolescência até a chegada ao mundo das artes cênicas ele continuou a contar.

Dirceu Andrade: passei um tempo que eu não contava, mas entre minhas primas e  amigos  eu contava às vezes.

Maria Nilza: O Zé bandeira foi seu primeiro personagem?

D.A: a primeira coisa que eu fiz, eu acho que se isso fosse um personagem, era uma imitação do Domingos, o dono do restaurante sovaco da cobra que é o nome do Show que faço hoje aqui em Picos. Foi a primeira pessoa diferente que eu vi, fora a minha tia, talvez o primeiro personagem seja a minha tia Domitília, porque ele teve um problema psicológico, era louca mesmo, e eu gostava de imitá-la também. Nunca imitei os professores, com a maioria dos humoristas, no colégio eu era muito trancado, muito na minha. Mas dentro de casa eu gostava fazer minhas brincadeiras e este personagem foi o primeiro. Até hoje toda velha que eu faço é ela, Domitília Portela. E depois o Domingos dono do restaurante sovaco da cobra. Agora personagem mesmo para fazer foi o Zé bandeira de fato.

M.N: Ele (Zé Bandeira) foi criação sua?

D.A: A voz foi criação minha, mas a idealização foi do dono da Jelta, doutor Jesus Filho. Depois teve um publicitário, um editor que também me ajudaram na composição na hora do tipo físico. No começo e queria fazer mais bonitinho, né? Ai ele disse não, tem que ser é bem chamativo. Foi fantástico, porque me projetou muito e as crianças gostaram e trabalho que criança gosta é abençoado por Deus. Ele levava alegria pra todo mundo. Conheci todas as casas bonitas de Teresina, que eu tinha vontade de conhecer. No dia dos jogos eu me vestia de Zé Bandeira e quando batia na porta das mansões o pessoal me recebia com o coração aberto. Então foi um personagem que me deu muita alegria. Eu matei ele no auge, matei não, guardei ele, tá guardado. Na copa de 2002 e eu parei, já tem treze anos, em outra copa o pessoal me pediu pra fazer, mas  eu não quis fazer pra deixar o personagem na lembrança, essa lembrança boa.

M.N: você também cria os textos para o show?

D.A: Crio muito, uma boa parte, eu crio também adaptando em cima de piadas, colocando elas para o personagem, contextualizando, mas crio também textos em cima de histórias  que vivi, mas inventando, fantasiando. Por exemplo, eu fui na casa do Mão Santa ( ex-governador e ex-senador do Piauí) quando ele era senador, almoçar lá. Se eu contar a história como foi de fato, não tem graça, eu contando como eu imagino né? Aí o povo gosta muito e rir bastante. Eu escrevo histórias assim, mas tenho um redator, este show que vou fazer, o Crise de risos, é o décimo quarto show, vou fazer junto com um rapaz chamado João Carlos, primo do João Claudio( humorista piauiense de Piripiri  também). João Carlos Sousa ele vai dirigir e escreve também muita coisa.

M.N: O que  tem na água de Piripiri que sai tanto  humorista de lá?

D.A: (risos) Ih, agora de Teresina sai muito humorista também, lá ( Piripiri) nós temos três, os mais conhecidos, mas agora também tem uns meninos de Teresina bons pra caramba, um monte. Tem o menino de bom Jesus Windensom  ( que nem sei como se escreve). Agora apareceu uma geração nova que tem agradado muito ao público jovem são Youtuberes. Eu espero que muitos deles fiquem, porque eu vejo que muitos têm talento, carisma e bom coração, estão sempre fazendo shows beneficentes.

M.N: Como é o próximo show, tem personagens fictícios e baseados em personagens reais?

D.A: Tem um personagem que eu criei que é baseado em personagem real, mas o texto é de João Carlos Sousa.  Baseado em um médico de Floriano, o doutor Dionísio que eu fiz no Fila de espera (espetáculo). Ele tá de volta. Tem também uma personagem nova que é uma mulher que vive de dieta. É uma mulher numa consulta à nutricionista. E tem provavelmente o Mariano, imitação também. E muita piada. Tem uma cena hilária como doutor Dionísio, por isso eu botei o nome crise de risos. Se no primeiro, a cena agradou tanto e até hoje. É o que tive mais acessos no Youtube, essa cena agora eu acredito que vai ter muito mais. A cena é mais engraçada, o texto é mais engraçado.

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