24.2 C
Jacobina do Piauí
29 de março de 2024
Cidades em Foco
GeralPiauí

E-mails revelam que guarda-parque havia alertado sobre risco de morte no Piauí

E-mails revelam que um dos guardas ambientais do Parque Nacional da Serra da Capivara, ferido em uma atentado na semana passada, havia denunciado as condições de trabalho e a invasão de caçadores armados na região. Nas correspondências eletrônicas, enviadas no início deste ano, o guarda João Leite literalmente pedia ‘socorro’ ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que faz a fiscalização do parque.

“Nossos contratos foram modificados, nossas armas foram tiradas, nossos salários reduzidos e quatro amigos de trabalho serão demitidos….o desequilíbrio ambiental será visível nos sítios arqueológicos”, escreveu João Leite, um dos guardas ambientais que acabou ferido no atentado.

O e-mail foi enviado em fevereiro, mas a resposta do ICMBio só veio no mês de março.

“Os serviços de vigilância e vigia, limpeza, motorista e apoio adminsitrativo da unidade estão sendo mantidos, mas para que a medida seja efetivada, garantindo a continuidade dos serviços ao longo do ano, sem cortes ou interrupção, considerando os ajustes de racionalização de serviços que passa o Governo Federal, foram necessários pequenos ajustes nos contratos”, respondeu o órgão.

Um dia após a correspondência eletrônica, mais uma vez, João Leite relatou a sensação de medo.

“Desde o dia 1º de março, os caçadores invadiram o parque. Nas bases que têm funcionários da Fumdham. Os relatos são infinitos de avistamentos de caçadores… Não posso desistir de lutar por um patrimônio cultural que pertence ao povo brasileiro e que eu aprendi a amar e respeitar. Se o ICMBio não puder proteger, eu vou fazer ou morrer tentando”, escreveu Leite por email.

Apesar dos sucessivos apelos do guardas, a situação não foi resolvida e as ameaças concretizadas. No última sexta-feira (18), caçadores armaram uma emboscada para os guardas, o que resultou em feridos e um morto.

“Eu vi que o órgão ambiental tinha sido avisado, inclusive por um dos guardas que sofreu o atentado. O órgão sabia o que poderia acontecer, sabia que os guardas estariam desarmados, sem coletes a prova de bala. Acho isso uma responsabilidade muito grande. É um crime. O Governo Federal precisa responder por isso”, desabafa o fotógrafo André Pessoa, que tem mais de 25 anos de convivência com o parque.

O fotógrafo destaca ainda que os guardas ambientais se sentem ameaçados e temem perder os cargos.

“Existe um medo muito grande das famílias em São Raimundo, uma insegurança de que eles continuem desenvolvendo esse trabalho sem ter a garantia e segurança necessárias. Por outro, eu já tenho notícia de que tem uma equipe do órgão na cidade e a decisão é de acabar totalmente com a fiscalização”, finaliza André Pessoa.

Graciane Sousa
Com informações Notícia da Manhã

Notícias relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Se você está de acordo, continue navegando, aqui você está seguro, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia mais