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19 de abril de 2024
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Empresários e servidores públicos têm os maiores salários no Piauí

O piauiense ganha em média R$ 1.292; em sua maioria trabalha por conta própria ou com carteira assinada pelo setor privado; os brancos ganham mais que os pardos e negros; e as pessoas com ensino superior completo têm renda salarial 177% maior. Esse é um pequeno resumo do perfil do trabalhador do Piauí. Há muito a se comemorar, como por exemplo, o fato de o Piauí ter uma das menores taxa de desemprego [desocupação] do país (8,8%), mas ainda há muitas lutas a serem travadas: a renda média, por exemplo, também é a menor do país.

Em alusão ao Dia do Trabalhador, a Coluna Economia & Negócios, do Cidadeverde.com traz o perfil mais detalhado de quem está na força de trabalho piauiense. As informações são baseadas nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quantos estão no mercado de trabalho
A população do Estado é de aproximadamente 3,2 milhões de pessoas. Desse total, 2,561 milhões estão em idade de trabalhar (acima de 14 anos). Das pessoas aptas ao trabalho, apenas 1,391 milhão estão, de fato, no mercado de trabalho – seja já empregadas ou procurando emprego. Outros 1,170 milhão estão fora da força de trabalho – aqui se incluem os jovens na escola ou faculdade, as donas de casa, os que estudam para concurso, etc.

Das pessoas que estão economicamente ativas (PEA), 1,268 milhão estão empregadas ou ocupadas com remuneração. Outras 123 mil estão buscando vaga no mercado de trabalho. Estes, sim, são os desempregados. Por causa da crise, em um ano (de dezembro de 2015 a dezembro de 2016), 17 mil piauienses ajudaram a engrossar essa massa.

 

Taxa de desocupação
“Quando se fala em desemprego, se pensa na pessoa que tem emprego formal, mas não é somente esse o foco da pesquisa. O IBGE mudou o conceito, fala em ocupação, não em emprego. Se você tem uma banquinha de alguma coisa, está ocupado, mesmo não tendo emprego. O desocupado está procurando emprego/ocupação e não está conseguindo”, explica o economista César Fortes.

 

A relação de trabalho
Dos quase 1,3 milhão de piauienses que estão trabalhando, apenas 239 mil têm carteira assinada. Este é, segundo o economista César Fortes, um dos mais graves problemas do mercado de trabalho do Estado. “O Piauí é fraquíssimo nisso. Apesar de estarmos crescendo no número de carteiras assinadas, temos muito pouca gente formalizada. E a situação se agrava no interior: as pessoas ainda estão aceitando trabalhar sem carteira. Isso é um problema porque elas não têm nenhum benefício quando perdem o vínculo”, argumenta.

Foto: Wilson Filho / Cidadeverde.com

Veja como estão distribuídos os piauienses quanto à relação de trabalho
– 239 mil têm carteira assinada (trabalho formal);
– 215 mil não têm carteira assinada;
– 79 mil são domésticos;
– 197 mil estão no setor público;
– 57 mil são empresários
– 390 mil trabalham por conta própria
– 90 mil ajudam em casa

O economista ressalta ainda a queda do número de trabalhadores domésticos. Em um ano, esse número caiu de 92 mil para 79 mil. “Tudo leva a crer que é estamos perto do fim dessa categoria – as pessoas estão virando diaristas ou buscando outra colocação no mercado de trabalho. Também vejo que as empregadas domésticas estão ficando como na Europa, “coisa de rico”, por assim dizer. Estão mais conscientes quanto à exigência de salários e outros direitos e isso tem pesado na hora do patrão decidir contratar”, analisa.

Outro ponto importante a destacar é que o setor público, ao contrário do que muitos pensam, não é o que mais emprega no Piauí. Hoje, perde para os profissionais com emprego privado e para os trabalhadores por conta própria.

Onde trabalham
Apesar das dificuldades do campo, a agricultura, pecuária e atividades relacionadas ainda são as que mais empregam no Estado – 260 mil piauienses sobrevivem do campo. Em segundo lugar, vem o setor de comércio, que emprega 250 mil.

Veja onde está empregada a força de trabalho piauiense
– Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura – 260 mil
– Indústria geral – 81 mil (Indústria pouco importante – e ainda caiu 10 mil empregos)
– Construção – 115 mil (perdeu 18 mil empregos em um ano)
– Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas – 250 mil
– Transporte, armazenagem e correios – 39 mil
– Alojamento e alimentação – 71 mil
– Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas – 83 mil
– Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais – 233 mil
– Outros – 57 mil
– Serviços domésticos – 80 mil

Quanto ganham
Se por um lado estamos bem na fita em termos de ocupação, por outro lado, nossa renda é muito baixa. “Isso é crítico. Se não fosse por isso, estaríamos com status de estado desenvolvido. O rendimento muito baixo reflete no nível educacional”, lamenta o economista.

A média de rendimento mensal das pessoas ocupadas é de R$ 1.292. Empresários, servidores públicos e empregados com carteira assinada puxam esse número para cima, mas os empregos informais forçam a queda nos valores. “A renda média do piauiense é somente 63% da renda média brasileira [R$ 2.043]”, destaca Fortes.

O dado mais alarmante é a média de rendimento do empregado doméstico: apenas R$ 520 mensais, número próximo da média salarial de quem não tem carteira assinada: R$ 588. “Isso é um escândalo, é menos da metade do que ganha o empregador com carteira”, comenta César Fortes.

Quem ganha mais no Piauí são os empregadores – R$ 3.178. Em segundo lugar, o melhor pagador é o serviço público, com remuneração média de R$ 2.684.

Veja quanto ganha cada modalidade de emprego
– carteira assinada (trabalho formal): R$ 1.329
– não têm carteira assinada: R$ 588
– domésticos: R$ 520
– setor público: R$ 2.684
– empresários: R$ 3.178
– conta própria: R$ 688

Onde estão os melhores salários
Além dos empresários, a administração pública é a única área cuja média salarial é superior a R$ 2 mil. Fora ela, os melhores salários estão no setor de informação, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias e administrativas, cuja média é de R$ 1.867. A mais baixa remuneração está no campo, com média de R$ 330.

Quanto paga cada área
Na agricultura, a média de salários é de R$ 330
Na Indústria: R$ 1.030
Na Construção: R$ 1.088
No comércio: R$ 1.120
No Transporte: R$ 1.589
Na informação: R$ 1.867
Na administração pública: R$ 2.487
Outros serviços: R$ 909
Serviços domésticos: R$ 520

Desemprego
Todos os piauienses que estão ocupados geram uma folha de pagamento mensal de R$ 1,523 bilhão. Há um ano, esse valor era de R$ 1,662. Dito de outra forma, de um ano para o outro, R$ 139 milhões deixaram de circular, afetando todos os setores do mercado de trabalho e impedindo o crescimento da economia piauiense. É a crise econômica. E o principal reflexo dessa crise é a desocupação.

O Nordeste amarga 14%, mas no Piauí, a taxa é relativamente baixa, de 8,8% – é uma das menores taxa de desocupação do país, e a menor do Nordeste.

 

A cor do desemprego

No Piauí a taxa de desemprego para pessoas da cor/raça “preta” e “parda” é superior à “branca”.

Dos 123 mil desempregados:
– 22 mil são brancos (17,8%)
– 9 mil são pretos (7,3%)
– 91 mil são pardos (74%)

Pessoas brancas ganham em média até 71% a mais que pessoas pardas e 49% a mais que as pessoas negras.

Média salarial
– Brancos – R$ 1.921
– Pretos – R$ 1.287
– Pardos – R$ 1.119

 

 

 

Trabalhador piauiense X Trabalhadora piauiense

O Piauí é exceção em relação ao resto do Brasil, apresentando maior taxa de desemprego para os homens em relação às mulheres. Dos 123 mil desempregados, 73 mil (60%) são homens e 49 mil (40%) são mulheres. Mas as mulheres ganham menos. O salário dos homens é, em média, 13% maior que o das mulheres. Eles ganham R$ 1.356 e elas R$ 1.196.

Grau de instrução

No Piauí o maior percentual de desemprego está na população com nível de instrução do ensino médio completo ou equivalente. Dos 123 mil desempregados:

– 11 mil não têm estudo, ou só estudou um ano. Correspondem a 8,9%
– 39 mil têm ensino fundamental incompleto ou equivalente. Equivalem a 31,7% do total de desempregados.
– 9 mil têm completaram o ensino fundamental (7,3% do total)
– 12 mil não conseguiram finalizar o ensino médio (9,75% do total)
– 39 mil já completaram o ensino médio (31,7% do total)
– 6 mil têm ensino superior (4,87%)

 

Fonte:CidadeVerde

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