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27 de abril de 2024
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Entrevista com Fabrício Carpinejar

Fabrício Carpinejar no SaliVAG. Foto Gilciene Monteiro
Fabrício Carpinejar no SaliVAG. Foto Gilciene Monteiro

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Fabrício Carpinejar é do Rio Grande do Sul, jornalista, cronista poeta e apresentador do programa A máquina na Tv Gazeta. Recentemente faz participações semanais no programa  Encontro com Fátima Bernades, é comentarista na Rádio Gaúcha e tem o projeto consultório sentimental. Formada em Jornalismo com mestrado em Literatura.

 

 

Maria Nilza:    Seus primeiros livros de poesia propriamente dita, visto que suas crônicas também são recheadas de poesia, seguia uma linha muito próxima a de Carlos Nejar, seu pai e de sua mãe Maria Carpi. Depois Ai Meu Deus, ai meu Jesus (primeiro livro de Carpinejar que trata de relacionamentos) você começou a falar sobre amor, relacionamentos. Será que você virou um conselheiro sentimental da modernidade?

Fabrício Carpinejar:    Eu comecei escrever crônica pra comer mulher e acabei me devorando. Sobre a questão do pai, e da mãe, como eu plagiei meu  pai e minha mãe, plagiando os dois ao mesmo tempo isso forma um estilo. Seu eu plagiasse apenas um deles, eu seria apenas um plagiador, mas os dois, ao mesmo tempo e eu tenho muito orgulho dos meus pais (risos). Tem filhos que dizem, filhos de escritor ou filho artista, filho músico, ah, eu não tenho nada a ver com meus pais. Só reforça a tua individualidade aceitando a tua herança. O único jeito. Eu não sei, se sou… Sou um palpiteiro sentimental. Eu entendo muito de confusão de crise, de apocalipse, por isso que eu estou mais perto da salvação.

Maria Nilza:                dizem que sua obra é autobiográfica, então você tem muita experiência com relacionamentos amorosos?

Fabrício Carpinejar: Tu tá perguntando se eu comi muitas mulheres mesmo?

Maria Nilza:                sim, ou se as mulheres te comeram?

Fabrício Carpinejar:    Eu acho que eu fui comido pelas mulheres. Por que tu não tem como dá um orgasmo para a mulher, a mulher se dá o orgasmo. A mulher que se dá o prazer tu pode assistir, tu tem que saber assistir. Na verdade o homem tem que saber não incomodar o orgasmo da mulher.(risos)

Maria Nilza:                com certeza.

Fabrício Carpinejar:    ai já cumpriu o papel dele (gargalhadas). Ele costuma incomodar o orgasmo dela. É autobiográfico grande parte (da obra) porque eu sou de uma geração, então, eu sou filho de uma geração anterior que é o Caio Fernando Abreu, gente que costumava falar de si pra tentar ajudar os outros. Ou falar dos outros pra ajudar a si mesmo.

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Fabrício Carpinejar na sala de imprensa SaliVAG. Foto: Gilciene Monteiro

 

Maria Nilza                 Estes dias eu li um questionamento seu se a infidelidade é sadomasoquista, e aí chegou a uma conclusão?

Fabrício Carpinejar:    mas é, tá sendo sadomasoquista, porque tu tá tentando torturar  outro e torturado a si mesmo né? Porque tu vai passar pela pressão, pelas brigas, pela ratoeira  que é ter que dar explicações do que tu tá fazendo. (suspiro) E o homem é muito dependente da mulher, então muitas vezes ele trai e não tem ninguém pra contar, aí ele quer contar pra própria mulher, ou seja, (risos) ele é muito criança. Ela não. A mulher quando trai ela pode ser invisível, porque mulher não tem necessidade de contar, né? O homem ainda vê o sexo como um triunfo. Como um troféu. Eu acho que troféu mesmo é o amor. É muito mais difícil ter amor.

 

Maria Nilza:              Você falou que um elogio desaforado, na rua, vale mais que uma plástica, hoje as mulheres recriminam estes elogios desaforados e consideram assédio. Você acredita que os homens gostam de receber estes desaforos?

Fabrício Carpinejar:    As mulheres, elas viraram pedreiras e parte da construção civil e se passa um homem elas ficam falando “gostoso! tesudo!” agora está dos dois lados. Aí, receber um elogio é uma plástica, ainda mais um elogio impregnado de sensualidade.

Maria Nilza:                A última pergunta. Sobre o fim. Eu li uma crônica sua em que você diz que o fim de um relacionamento dá um livro de poesia de cem páginas,  mas nunca um novo romance, e outra frase que falou que o fim é longo, isto me remente a Neruda que diz o amor é curto e longo o esquecimento.  Então você acredita que não tem recomeço para um fim de relacionamento?

Fabrício Carpinejar:    Não. Eu acredito que tem reconciliação, mas tem relações que o amor acaba. Acaba. Eu não sei pra onde via este amor, mas a convivência se torna insuportável, porque o amor é uma carta. De um leque de cartas. Só com o amor tu não consegues ficar com alguém. Tu tem que ter outras cartas, tu tem que ter lealdade, tu tem que ter fidelidade, tem que ter amizade, tem que ter cumplicidade. A gente pensa “ah a gente ama, isso basta”. Não basta! Pode bastar para ti voltar sempre, mas não para construir um relacionamento. Pode bastar pra ti nunca conseguir ficar separado desta pessoa, mas não pra ficar perto dela.

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Carpinejar e Maria Nilza. Foto: Marinalva Ribeiro

 

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