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26 de abril de 2024
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Especialista explica se os doces realmente causam cáries

Por: Dra. Fabíola Bernardelli – odontóloga

 

A cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, transmissível e sacarose dependente, ou seja, que depende da ingestão de algum tipo de açúcar para acontecer. Ela está intimamente ligada à introdução dos carboidratos refinados na dieta, principalmente a sacarose, que é considerada o dissacarídeo que mais causa cáries, sendo este o mais presente na dieta familiar em quase todo o mundo.

Como acontece a cárie?

O que aumenta o risco da cárie não é a quantidade total de açúcar nos alimentos consumidos, mas sim o padrão de alimentação, ou seja, a frequência da ingestão desses produtos.
A cárie ocorre devido à colonização da superfície dentária por micro-organismos – especialmente os Streptococcus mutans – que, metabolizando carboidratos fermentáveis, como a própria sacarose, produzem ácidos orgânicos, o que diminui o pH da boca. Se o pH da boca for inferior a 5,5 durante mais de 30 minutos, há o início da desmineralização dos tecidos dentais com a dissolução do fosfato de cálcio das camadas superficiais da estrutura de esmalte. Se este processo de perda mineral for frequente, pode levar à formação de uma cavidade de carie cuja evolução, nos casos extremos, pode levar à destruição de toda a coroa dentária.

Alimentos que podem ocasionar a cárie

O tanto que a sua dieta poderá causar cárie é determinado pela presença de carboidratos, que servem de substrato para os microrganismos da cavidade bucal. Toda vez que há açúcar presente para as bactérias, haverá formação de ácido, dando início a todo o processo descrito acima. Portanto, o que aumenta o risco da cárie não é a quantidade total de açúcar nos alimentos consumidos, mas sim o padrão de alimentação, ou seja, a frequência da ingestão desses produtos. Se o indivíduo passa tempos longos consumindo açúcar, terá mais chance de ter cárie.

Os alimentos cariogênicos, ou seja, que estimulam o desenvolvimento de cárie dentária, são os ricos em carboidratos fermentáveis, também chamados de açúcares livres, como o pão branco, bolos, bolachas e doces, por serem ricos em carboidratos fermentáveis. Além disso, esses alimentos não são bons para a nutrição das crianças e competem com alimentos mais nutritivos.

Fatores como o tipo de glicídios presentes, a consistência pegajosa ou aderente do alimento (como balas e doces cristalizados) e o tempo que o alimento permanece na boca exercem grande influência na sua capacidade de provocar cáries.

O uso prolongado da mamadeira durante a noite está associado à redução do fluxo da saliva e da capacidade de neutralização da saliva, o que vai causar estagnação do alimento na boca e exposição prolongada aos carboidratos fermentáveis. Mesmo sem açúcar na mamadeira, se a criança já possui dentinhos, mamar antes de dormir e pular a higienização noturna pode, sim, causar cárie.

 

Alimentos que previnem a cárie

Por outro lado, existem alimentos não cariogênicos, que quando ingeridos não são metabolizados pelos microrganismos da placa presente nos dentes e não provocam uma diminuição significativa do pH. Estes alimentos são pobres em carboidratos fermentáveis, como é o caso das carnes, peixes, ovos, legumes e frutas frescas.

Alimentos naturais como frutas, grãos e vegetais possuem ainda fatores protetores que atuam na prevenção da cárie e são conhecidos como agentes anticariogênicos. Alimentos resistentes à mastigação, como os alimentos naturais e fibrosos, têm uma ação mecânica durante a mastigação, realizando, naturalmente, um controle de placa. Além disso, estimulam um maior fluxo salivar, possuindo assim um papel protetor dos dentes na prevenção da cárie.

 

A importância da escovação e da orientação

A orientação de dieta desempenha um papel muito importante no controle da cárie, principalmente quando se considera a tendência atual da odontologia na promoção de saúde, direcionando sua atenção para os primeiros anos de vida da criança, fase em que são estabelecidos os padrões alimentares. Já foi comprovado que a criança nasce com preferência para o sabor doce, no entanto, a adição de açúcar é desnecessária e pode ser evitada nos dois primeiros anos de vida.

Considerando que as crianças em idade pré-escolar estão começando a aprender conceitos e princípios que farão parte de sua formação, a educação alimentar e em saúde bucal, como qualquer outra atividade educativa, devem ser introduzidas o mais precocemente possível pelos pais e professores.

 

Erosão ácida

O consumo frequente de alimentos sólidos e líquidos altamente ácidos, principalmente refrigerantes e sucos de frutas industrializados, tem sido o principal fator na dieta para o desenvolvimento de outro problema bucal: a erosão ácida. A erosão é comum em crianças e adolescentes e surge após a administração frequente de refrigerantes e/ou sucos de frutas naturais ou industrializados, através de mamadeira (que aumenta o tempo de contato da bebida com o dente) e/ou copo.

Com a modernização no mundo, ocorre uma mudança também nos padrões alimentares, aumentando o índice de lesões cariosas ao ser adotada uma dieta com alto consumo de produtos vendidos em lanchonetes e com grande conteúdo de açúcares. Sabendo-se que os hábitos da dieta infantil constituem um fator importante no aparecimento das cáries e que a discriminação quanto à preferência por sabores ocorre com o desenvolvimento da criança, é fundamental a orientação não só quanto aos hábitos de higiene bucal, como também em relação ao consumo racional de açúcar.

Os hábitos alimentares adquiridos na infância formam a base para o futuro padrão alimentar, sendo o papel preventivo dos pais com relação à saúde bucal nos seus filhos de grande importância.
Fonte: Minha Vida

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