“A gente nunca perde as esperanças”. Este é o sentimento da senadora Regina Sousa (PT) em relação ao julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff que inicia nesta quinta-feira (25) no Senado. Em entrevista ao Notícia da Manhã, a piauiense comentou sobre a participação da petista na sessão e desabafou: “espero que a presença dela toque o coração”.
Regina Sousa sustenta que a presidenta afastada não cometeu crime de responsabilidade fiscal. “Os argumentos do ponto de vista jurídico estão destruídos pois não existe crime de responsabilidade. Por outro lado, o julgamento é político…foi um processo tramado, engendrado, construído com uma engenharia muito perfeita desde a eleição de 2014. É um processo difícil, mas não impossível. A presença de Dilma no julgamento pode constranger ou tocar o coração. Eu espero que toque o coração”, disse Sousa.
A piauiense acrescenta que fatos novos serão utilizados na defesa da presidente afastada e citou a declaração de um procurador que sob anonimato disse que a Operação Lava Jato foi usada para derrubar Dilma Rousseff.
“Ele disse que o sentimento dos procuradores da Lava Jato é que foram usados e agora que o impeachment está consolidado, estão sendo descartados, não os querem mais. Isso foi dito à Folha de São Paulo ontem (24) e está causando um certo alvoroço. Ouvi no plenário que a declaração foi uma delação não premiada. Essa declaração é muito grave e pode mexer também com algum senador. Com isso, voltamos a acender as esperanças”, disse a senadora.
A abertura da sessão está prevista para as 9h sob o comando do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que também preside o processo de impedimento da presidente afastada. No primeiro momento da sessão, Lewandowski responderá às chamadas “questões de ordem” – questionamentos de senadores sobre procedimentos do julgamento e etapas do processo.
Depois disso, começarão a ser ouvidas as testemunhas. São oito ao todo, duas escolhidas pela acusação e seis pela defesa.
Todas elas estão isoladas, individualmente, em quartos de um hotel na região central de Brasília – sem acesso à Internet, televisão, telefone e visitas – à espera do momento em que serão interrogadas pelos senadores.
A participação de Dilma Rousseff no julgamento está prevista para a segunda-feira (29). Ela terá 30 minutos prorrogáveis por tempo indeterminado para fazer um pronunciamento e depois responderá às perguntas dos senadores.
A data escolhida para a fase final do impeachment coincide com o dia da carta de renúncia do ex-presidente Jânio Quadros (25 de agosto de 1961), bem como antecede o trágico suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954). Para Regina Sousa, a data foi escolhida de forma estratégica.
“Ontem foi dia da morte de Getúlio e hoje da renúncia de Jânio. A Dilma não fez nenhuma coisa e nem outra. Acho que eles escolheram essa data muito simbolicamente para ver se ela renunciava ou se suicidava. Mas, ela está muito forte e resistindo. Ela vai causar um impacto muito grande em sua defesa”, finaliza.
Graciane Sousa / CidadeVerde