19 de abril de 2024
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Famílias desabrigadas por incêndio estão em galpão e precisam de ajuda

As mais de 200 famílias que perderam suas casas para um incêndio de grandes proporções ocorrido ontem (15) estão alojadas em um galpão no próprio acampamento e precisando de doações.

O fogo destruiu praticamente todo o acampamento 8 de Março no povoado Chapadinha Sul, na zona rural de Teresina.  Lá existiam 236 residências e o incêndio atingio 219 casas, deixando famílias inteiras desalojadas que nada puderam fazer para salvar roupas, documentos e móveis diante das chamas que se alastrou rapidamente. O Corpo de Bombeiros foi até o local, conseguiu controlar as chamas, mas o fogo já tinha destruído as casas, que eram feitas de taipa.

A dona de casa Maria Santana não consegue conter a emoção ao relembrar a tragédia, e conta chorando que foi um dos piores momentos da sua vida. “Foi uma tragédia grandiosa. Eu nunca tinha visto algo assim. O fogo se espalhou de uma forma que nada o detinha, era como se o foco tivesse vida própria. Eu perdi tudo. Tudo que estava na casa está queimado”, conta.

A grande perda material veio acompanhada de uma tragédia ainda maior: a morte de uma criança de apenas dois anos que não conseguiram retirar de uma das casas. A mãe havia saído parar pegar água e a criança ficou sozinha dormindo quando as chamas atingiram o cômodo em que estava.

“Eu estava deitada quando minha filha disse: ‘mãe, olho o fogo’. A gente só escutava os botijões de gás explodindo. Todo mundo gritando. Eu consegui sair com os meus quatro filhos, mas infelizmente essa mãe perdeu sua filha e todas nós que somos mães estamos muito tristes”, afirma a dona de casa Marinete Pereira, que está desabrigada com a família.

Recomeçar não é tarefa fácil, dizem os moradores que estão desabrigados e, por isso, neste momento, dependem da ajuda e doações desde objetos pessoais como material de construção para novamente ter um teto para morar.

Muitos olham para as cinzas e veem móveis e alimentos queimados, animais carbonizados e não acreditam em como ficou o lugar. Alguns moradores buscaram refúgio na casa de amigos e no assentamento ao lado, o 17 de Abril.

As crianças do acampamento falam do susto ao ver o tamanho do fogo, que chegou a altura de algumas árvores de grande porte.

“Era muito fogo e eu estou feliz de estar vivo, salvar nossas vidas, mas a gente não conseguiu salvar a Eloá. Isso é triste. Eu só lembro do fogo e das pessoas correndo gritando”, conta Alex de Sousa, de 9 anos.

Eloá Vitória

Em uma das casas, uma menina de 2 anos, identificada como Eloá Vitória. Inicialmente, a informação era de ela estava dormindo sozinha em casa enquanto a mãe tinha saído para buscar água. O morador Julierte Ricardy disse ao Cidadeverde.com que tentou socorrer a criança, mas não conseguiu. Ele contou que a mãe ao retornar pra casa e ver o fogo tirou os três filhos, retornou a casa para buscar uns documentos, mas não percebeu que a filha a tinha seguido. Quando chegou ao local onde deixou os outros filhos percebeu que Eloá não estava. “Eu tentei salvar ela, eu sou pai também de criança, é uma tristeza muito grande, mas as chamas ficaram fortes e não consegui entrar na casa”, disse o morador.

Causa do acidente 

As primeiras informações eram de que um fogo no mato ao lado do acampamento tivesse se alastrado e atingindo as casas, mas os moradores locais esclareceram ao Cidadeverde.com que o incêndio partiu da casa ao lado da residência da criança. O foco do incêndio foi um saco de carvão. O morador não percebeu que havia uma faísca de fogo em um dos carvões, que aumentou o saco e provocou todo o incêndio.

Ajuda

Para ajudar as famílias que estão desabrigadas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais no Piauí está com um ponto de apoio no bairro Redenção, na zona Sul de Teresina, na Quadra 1 Casa 11, por trás do Lord Hotel. Telefone para contato (86) 3218 3935.  Ou deixando no próprio galpão do acampamento, que fica próximo ao Assentamento 17 de Abril, na BR 316, zona rural de Teresina.

Força-Tarefa

Uma força-tarefa está sendo realizada por diversos órgãos públicos para prestar maior assistências as famílias desabrigadas.  Na manhã desta segunda-feira (16), representantes da Secretaria da Administração, da Assistência Social, da Defesa Civil, da Saúde e a Superintendência do Desenvolvimento Rural – dentre outros – estiveram no local e conversaram com as famílias.

 

Carliene Carpaso / CidadeVerde

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