O presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Felipe Mendes, já entregou o cargo para o Ministério da Integração. Indicado pelo PP, o piauiense encaminhou sua demissão ainda ontem (12) tão logo tomou conhecimento da decisão da bancada do partido em deixar o governo Dilma Rousseff. Mendes completaria um ano na companhia em maio.
“Entreguei ao ministro (da Integração, Gilberto Occhi) ainda ontem e hoje ele ficou de entregar no palácio. Mas eu só saio daqui quando sair o decreto. É uma decisão natural. A maioria da bancada do PP na Câmara tomou uma decisão de caráter político, que é acompanhar o relator da comissão do impeachment. Então, eu sou solidário ao presidente do partido (Ciro Nogueira) que ficou contra e aos outros deputados que ficaram contra”, disse ao Cidadeverde.com.
Felipe Mendes ressalta que não tinha o que fazer nesse caso diante das atuais circunstâncias. Falou que foi indicado pelo PP e que a saída é um dever pessoal a ser cumprido. “A decisão que a gente tinha que tomar, como o próprio ministro da Integração Nacional também tomou, é de entregar o cargo à presidente Dilma. Isso é uma praxe. O partido fez a indicação do meu nome e, no momento que não está apoiando em sua totalidade o governo nessa causa que é defendida, eu cumpro esse dever pessoal de entregar o cargo”, declarou.
Ao longo dos 11 meses que passou na Companhia, Felipe Mendes disse que tentou fazer o melhor possível. Ele cita como entraves marcantes em sua administração as crises econômica e hídrica. “Tentei fazer o melhor possível diante dessa crise que atravessamos. De um lado uma crise econômica e de outro lado uma crise uma hídrica, sobretudo no São Francisco. Na crise hídrica nós tomamos as medidas necessárias com o apoio do Ministério da Integração e da área econômica do governo, para realizar serviço de bombeamento de emergência, de tal modo que a oferta de água para este período em irrigação e para as comunidades no São Francisco não sofressem descontinuidade. Essa parte nós conseguimos resolver”, destaca, ressaltando a preparação de um programa de revitalização do São Francisco.
“Estamos em fase de elaboração desse programa. Outro ponto importante é que a Codevasf foi designada como operadora do sistema de transposição de água do São Francisco para o Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, além de Pernambuco e nós estamos com esse trabalho de preparação de modo que é o grande desafio da Codevasf: levar água para 12 milhões de pessoas em dois eixos de canais que totalizam 470 quilômetros. É a maior obra do governo federal e que já consumiu ao longo de 10 anos mais de R$ 8 bilhões e que vai representar uma solução no abastecimento de água de 12 milhões de pessoas no Nordeste”, afirmou.
Piauí
Em relação ao Piauí as notícias não são boas. Segundo Felipe Mendes, a Codevasf toca com dificuldade projetos no Estado. Falta dinheiro para a retomada até de barragens. “No caso do Piauí, nós apenas conseguimos pagar dívidas de projetos, como o de irrigação de Marrecas em São João do Piauí, que está pronto para ser reiniciado, mas agora com essa indefinição política não sei como vai ser. Mas o projeto está pronto para ser reiniciado. Temos as barragens de Atalaia em Parnaguá e Tinguis em Brasileira, que são obras prontas para ser reiniciadas, mas a crise financeira não permite um cronograma de recursos. Fizemos o possível no meio dessa crise financeira que está aí”, concluiu.
Hérlon Moraes
Do Cidade Verde