A investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apontou falha humana na queda de um avião que matou o piloto carbonizado, na sexta-feira (28), em Teresina. A informação foi confirmada pelo delegado Odilo Sena, do 21º Distrito Policial, responsável pelo inquérito policial sobre o caso.
“O indicativo pelo Cenipa é que houve uma falha humana grave. O piloto tinha pouca experiência. Ele fez um procedimento, conhecido como ripe, onde deu uma guinada no bico da aeronave em uma atitude que demanda muita potência, o que esse avião não tinha, logo depois ela perdeu a sustentação e entrou em parafuso, caindo ao chão”, explicou.
O delegado contou que esteve no sábado (29) com a equipe do Cenipa no local do acidente, localizado na zona rural de Teresina. O inquérito instaurado pela Polícia Civil deve investigar a circunstâncias da morte do piloto e possível autoria de crime.
Irregularidades
De acordo com Odilo, as investigações preliminares dão conta de uma série de falhas, desde a liberação da aeronave pelo dono, irregularidades na documentação do avião e voo sem autorização. Antes da queda, a aeronave estava em manutenção na oficina, e por isso, sem condições de funcionamento.
“O proprietário autorizou o piloto a manusear o avião, mas ele pegou o avião sem autorização do aeródromo, colocou 240 litros de combustível e em seguida voo. A aeronave tinha uma série de irregularidades, como o certificado de aeronavegabilidade cancelado e outras questões burocráticas estava incorretas junto a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]”, disse o delegado.
Piloto morreu carbonizado após queda de avião em Teresina — Foto: Reprodução/TV Clube
Conforme a investigação, a aeronave tinha autonomia de 4h30 de voo e o local de destino ficava a 3h30, em Novo Progresso, no Pará. O delegado revelou também que anos anteriores, o mesmo avião teria sido utilizado para o tráfico de drogas, no entanto, não há confirmação do atual uso do veículo.
“São uma série de indicativos de irregularidades. A situação inusitada é que o proprietário não se preocupou com a aeronave e não entrou em contato para saber o que aconteceu até o momento”, declarou o delegado Odilo Sena.
Piloto Leandro Holdefer morreu carbonizado após queda de avião em Teresina — Foto: Reprodução/Instagram
Em entrevista à TV Clube, a família de Leandro Holdefer confirmou que ele estava concluindo o curso de piloto e tinha vindo ao Piauí para fazer o traslado do avião. A vítima era de Novo Progresso, no Pará.
Conforme registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave foi comprada no dia 2 de junho pelo empresário Bruno Alencar Wachekowski. O atual proprietário do avião também é piloto e se envolveu na queda de um monomotor que atingiu três casas em Belém, no Pará, ano passado.
De acordo com a Polícia Federal, Bruno Alencar já foi preso por furto de aeronaves no estado Mato Grosso e foi detido em 2016 após furtar um avião que pertencia a uma emissora de TV.
Fonte: G1