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28 de março de 2024
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Jovem condenado por estupros preso na Argentina trabalhou em bar frequentado por Messi e outros famosos

Segundo a polícia, o jovem foi monitorado por vários meses, sendo flagrado em vários pontos turísticos, parques e bares das cidades onde morou. — Foto: Divulgação/PCPI

Antes de deixar Buenos Aires e se mudar para Mar del Plata, o ex-estudante de medicina condenado a 33 anos por estuprar uma irmã e uma prima, trabalhou em um luxuoso bar da capital argentina frequentado por famosos como o jogador de futebol Lionel Messi. Conforme a polícia, o jovem atuou como freelancer no local. A reportagem não divulga nome e foto do jovem para preservar as vítimas.

No momento em que foi preso, ele já não trabalhava no bar e havia se mudado para Mar del Plata, mas ficou alguns meses prestando serviços no local, pelo menos até novembro de 2022.

No local, era comum a presença de famosos, como os jogadores da seleção argentina Lionel Messi e Leandro Paredes, os atores Guillermo Francella, Diego Hodara, Nicolás Vazquez, Benja Rojas e a cantora Flor Vigna.

Messi em bar onde jovem piauiense trabalhou antes de ser preso por estupros — Foto: Reprodução

Messi em bar onde jovem piauiense trabalhou antes de ser preso por estupros — Foto: Reprodução

Segundo o diretor de inteligência da Polícia Civil do Piauí, o delegado Anchieta Nery, o jovem vivia como um “mochileiro” no país, frequentando a noite, indo a bares e restaurantes, mantendo amizades e fazendo passeios turísticos, vivendo “bastante à vontade”.

Assim que deixou Teresina e se mudou para a Argentina, conforme a polícia, ele passou a morar em um hostel, dividindo quarto com outras pessoas, e trabalhando como freelancer em bares, incluindo o estabelecimento de luxo que pertence a um ator argentino.

Conforme a polícia, as pessoas não sabiam do passado do jovem. Somente com o tempo começaram a desconfiar de relatos contados por ele. Ele foi preso cerca de três meses após deixar Buenos Aires, em Mar del Plata.

Monitoramento

Segundo a polícia, o jovem foi monitorado por vários meses, sendo flagrado em vários pontos turísticos, parques e bares das cidades onde morou. Lá, ele adotou o nome falso de Pedro Henrique Saldanha, deixou o cabelo crescer e estava mais magro.

A polícia contou que pessoas que conviviam com ele na Argentina desconfiaram de algumas atitudes e entraram em contato com a polícia no Piauí. Ainda à distância, a polícia buscou confirmar a identidade do foragido.

Em seguida, de forma presencial, segundo o delegado, a polícia chegou a acompanhar de perto a rotina do foragido. Quando a identidade foi confirmada, a Polícia Civil do Piauí solicitou ajuda da polícia da Argentina e da Interpol.

Segundo o delegado Anchieta Nery, um boné verde foi uma das principais pistas para o monitoramento do rapaz. Ele aparece com o adereço na imagem acima, enquanto estava sendo monitorado, e também no momento da prisão (abaixo).

Condenado por estupro no PI, ex-estudante de medicina foragido da Justiça foi preso na Argentina — Foto: Divulgação

Condenado por estupro no PI, ex-estudante de medicina foragido da Justiça foi preso na Argentina — Foto: Divulgação

Procurado em 4 países

Antes de ser preso, a Polícia Civil do Piauí e a Interpol procuraram em pelo menos quatro países o ex-estudante. Ele foi achado em Mar del Plata, Argentina, no dia 17 de janeiro, e a polícia vai apurar quem pode ter ajudado e até montado uma rota para a fuga de Teresina à cidade argentina.

Em entrevista coletiva concedida pelos delegados que investigaram o caso, a delegada da Polícia Federal, Milena Caland, contou que pistas levaram a polícia a buscar pelo jovem em Portugal, Espanha, Paraguai e Argentina.

A polícia acredita que ele tenha fugido de Teresina pra lá assim que foi expedido o mandado de prisão contra ele, em outubro de 2021.

A Polícia Civil do Piauí acredita que ele tenha recebido diversas ajudas durante a fuga, incluindo suporte para se estabelecer na Argentina. Pais e parentes próximos não podem ser responsabilizados por isso, mas terceiros que tiverem colaborado com a fuga podem ser responsabilizados.

O delegado informou que o rapaz possivelmente partiu de Teresina pelo Centro-Oeste do país em direção ao Paraguai, passando por Foz do Iguaçu, por meios em que o uso dos documentos não era necessário.

Segundo a polícia, o jovem foi monitorado por vários meses, sendo flagrado em vários pontos turísticos, parques e bares das cidades onde morou.  — Foto: Divulgação

Segundo a polícia, o jovem foi monitorado por vários meses, sendo flagrado em vários pontos turísticos, parques e bares das cidades onde morou. — Foto: Divulgação

Desde então, ele morou em Buenos Aires por vários meses no bar. Com a sentença de condenação, expedida pouco mais de um ano depois da fuga, ele seguiu para Mar del Plata.

Segundo o delegado Anchieta Nery, as primeiras pistas para a prisão partiram de pessoas que tiveram contato com o estudante e que foram “juntando pistas”.

“Quando você mente, e isso é do psicológico do ser humano, você apoia essa mentira em verdades. Ele pode ter dito que era do Piauí, que era estudante, que estava tirando um ano sabático… Algumas pessoas foram juntando peças, pesquisaram na internet e descobriram a história toda. Por isso é tão importante divulgar esse tipo de caso amplamente”, contou.

Ele foi preso em frente a um shopping bastante movimentado da cidade.

Prisão na Argentina

“Ele tinha uma vida tranquila em Buenos Aires, mas quando ele viu que saiu a condenação, de 33 anos de prisão, isso pode ter mexido com o emocional dele e ele mudou de cidade, para Mal del Plata”, contou.

Conforme legislação argentina, o jovem ficou incomunicável desde ontem, tendo contato apenas com um juiz. Assim, somente após alguns dias a Polícia Civil do Piauí terá acesso a ele para os procedimentos cabíveis de recambiamento. Inicialmente, o procedimento de extradição será feito pela Polícia Federal do Brasil.

Condenação

Em novembro de 2022, o jovem foi condenado pelos estupros contra a prima de 12 anos e a irmã de nove anos. Pelo estupro de outra irmã, com então 3 anos, o réu foi absolvido. Pelo crime contra a prima, o juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, da 5ª Vara Criminal de Teresina, determinou pena de 10 anos, 4 meses e 7 dias pelo abalo psicológico e relações domésticas. Já contra a irmã de nove anos, a pena foi de 23 anos e 4 meses, sendo consideradas além do abalo psicológico, relações domésticas e ser irmão paterno da vítima.

A prisão foi efetuada com apoio da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), do Corpo de Investigação Judicial (CIJ) do Ministério Público Fiscal de Buenos Aires e da Polícia Federal Argentina.

Os crimes

Os crimes foram denunciados pelas mães das vítimas à Delegacia de Proteção à Criança e Adolescência (DPCA), em Teresina, em setembro de 2021. As vítimas, de 3 a 15 anos na época, revelaram os abusos, que ocorriam entre jogos e brincadeiras, segundo a polícia, principalmente dentro do quarto do estudante, que morava com o pai, a madrasta e as duas irmãs.

Ele estudava medicina em uma faculdade em Manaus, depois das denúncias foi expulso do curso e fugiu. Em mensagem à madrasta, o estudante chegou a confessar o crime e pediu perdão.

Foragido há mais de um ano

Um mandado de prisão preventiva contra o ex-estudante foi expedido pela Justiça no dia 7 de outubro de 2021. Buscas foram feitas em pelo menos cinco endereços em Teresina e em outro em Manaus (AM).

A Polícia Federal chegou a emitir alerta para os aeroportos após o estudante de medicina suspeito de estupro de vulnerável ser considerado foragido.

Fonte: G1

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