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25 de abril de 2024
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Mães de 1ª viagem se reinventam na pandemia e superam medos

Foto: Arquivo Pessoal

Ser mãe não é uma tarefa fácil, ainda mais no meio de uma pandemia. As dificuldades, os medos e incertezas ficam mais evidentes. Mas amor de mãe supera qualquer obstáculo. O instinto fala mais alto e o que parecia complicado se torna uma das mais importantes missões na vida de uma mulher. Foi o que aconteceu com a fisioterapeuta Danielle Peixoto, de 33 anos.

Como grande parte das mulheres, ela sempre sonhou em ser mãe. A pequena Helena, que completa 4 meses na próxima quarta-feira (12), veio de surpresa e em um momento desafiador para a família: o distanciamento social e a luta contra a covid-19.

“Ser mãe sempre foi meu sonho. Minha gravidez não foi planejada, mas foi totalmente desejada. Viver esse momento tão sublime na vida de uma mulher em meio a uma pandemia, não foi nada fácil. O medo toma conta, as incertezas ficavam cada vez maiores. Mas sentir a minha filha na barriga, crescendo, me dava esperança”, afirma.

Danielle lembra que, por conta da pandemia, não pode aproveitar a gravidez como sempre sonhou. Aquele chá de bebê com amigos e a família não aconteceu de forma presencial e nem as consultas do pré-natal.

“Infelizmente, por conta da pandemia, não pude curtir a gravidez como sempre sonhei. Aquele prazer de passear nas lojas, comprar roupinhas, juntar a família e tirar mil fotos com o barrigão não foi possível. As consultas médicas por videochamadas, chá-revelação virtual, nossa. Tanta coisa que podia ter sido diferente”, ressalta.

“Acredito que nada acontece por acaso. E esse vírus veio para nos ensinar a valorizar cada coisinha que existe nas nossas vidas. Me fez entender que carregar um bebê, estando plenamente saudável, era uma dádiva divina”.

Para essa mãe de primeira viagem, o maior desafio na gravidez em plena pandemia foi se afastar da família.

“Manter distância dos mais queridos foi o maior desafio. A gestação é uma explosão de hormônios e sentimentos. Viver essa montanha-russa sem a presença física dos que nos passam carinho e segurança, torna tudo mais desafiador”, lembra, ressaltando o medo de contrair a covid.

“Depois que nos tornamos mães, o medo já vem no pacote. Com a presença de um vírus então, o sentimento triplicou”, acrescenta.

Foto: Arquivo Pessoal

Como o instinto de mãe se adapta as situações, Danielle destaca que a pandemia serviu para aumentar ainda mais o amor por sua filha.

“A maternidade me ensinou que não há amor maior no mundo do que o de uma mãe com um filho. Ser mãe é ser fortaleza, colo e aconchego. A pandemia apenas me fez sentir mais ainda a importância desse amor, da família e de vivermos cada dia intensamente”, afirma.

O desejo dessa mãe que acabou de nascer junto com a Helena é que tudo passe e que a vida siga seu curso.

“Desejo que isso tudo passe. Que nós aprendamos a nos cuidar, ter mais empatia e respeito pelo próximo. Que a saúde se torne alvo das políticas públicas e seja tratada com seriedade. Que minha filha tenha oportunidade de viver em um mundo mais seguro”, afirmou.

O maior medo e o maior amor

A pandemia assustou até quem já estava acostumada com o dia a dia de uma mulher pronta para ser mãe. Enfermeira obstetra há 10 anos e servidora pública na Maternidade Evangelina Rosa, Bruna Sepúlvedra engravidou da Esther em abril do ano passado. Começava ali, segundo ela mesma definiu: um mix de medo e amor.

“Eu sempre vivi esse universo de gestação, de parto, puerpério e sem dúvidas sempre foi um sonho um dia poder ser mãe. A Esther foi uma bebê planejada, amada, desejada. Desde setembro de 2019 a gente começou a tentar, foi quando a gente foi pego pela pandemia em março e diante de todas as inseguranças, a gente pensou em parar. A orientação da OMS e do Ministério da Saúde na época era para as mulheres evitarem a gravidez, pois ninguém sabia como o vírus se comportava no corpo materno. A gente suspendeu as tentativas, mas para a nossa surpresa, no comecinho de abril a gente descobriu que eu já estava grávida”, conta, lembrando dos primeiros meses.

Foto: Arquivo Pessoal


Nascimento da pequena Esther de parto normal

“Eu grávida na pandemia a primeira coisa que alterou foi o pré-natal. As clínicas e consultórios foram fechados. Não tinha como fazer os exames, ter atendimento. Ficou tudo muito incerto. Ficar sem esse pré-natal inicial foi impactante. Foi aí que a gente começou a se habituar com consultas via telemedicina, que vieram para ficar e salvam vidas”.

“Eu era acostumada com aquele pré-natal do aperto de mão, que mede a barriga, ausculta o coração do bebê”.

Por ser da área de saúde, a enfermeira tinha um pequeno suporte em casa para acompanhar o crescimento da Esther, realidade diferente da grande maioria da população.

“Eu que tinha todo um suporte a mais tinha as minhas inseguranças, imagina aquelas mulheres que não eram da área da saúde. Foi um período que disparou muitos gatilhos de medo em quem estava grávida, de não ter tantas notícias do bebê, até que as coisas foram se ajustando com o decorrer dos meses. Fiz o pré-natal presencial só no final da gravidez, bem como a fisioterapia pélvica, que prepara o corpo para o parto normal. Todas as outras atividades, fiz tudo online. Não me arrependo”, disse.

“A gente foi se reinventando. Na medida que fomos entendendo a doença, fomos vendo o quanto era ela impactante para quem estava gestante. Isso me fez viver uma gravidez muito solitária”.

Emocionada, Bruna Sepúlvedra lembra dos momentos em que seguiu a quarentena à risca, se isolando de membros da família e curtindo a gravidez apenas com o marido.

“O principal desafio foi precisar afastar as pessoas que eu mais amava de perto de mim. Não tive o colo da minha mãe, o carinho da minha irmã. A gente ficou preso em um apartamento e saia só quando necessário. Eu senti muito medo, tanto que nosso isolamento era extremo. Meu marido é músico e parou de tocar. A gente precisou se reorganizar em vários sentidos”, afirma.

Gravidez de muita conexão

Se por um lado os familiares precisaram ficar longe da Bruna, ela e o marido acompanharem mais de perto o crescimento da Esther na barriga. Essa conexão, segundo ela, gerou mais amor e carinho.

“O fato de estar trabalhando de casa me proporcionou uma gravidez de muita conexão com a minha filha e meu marido. A gente construiu esse amor de uma forma muito mais presente do que a gente tivesse na correria do dia a dia. Eu costumo dizer que os bebês gerados na pandemia serão adultos muito seguros, muito bem resolvidos e farão um mundo melhor”, destaca.

“A pandemia mostrou como a gente precisa valorizar as pequenas coisas, como um café da manhã em família, a presença em vida de quem nós amamos, como a gente precisa dizer que ama. Isso nos transforma em seres humanos melhores”.

Para a servidora pública, a maternidade foi a melhor pós-graduação que ela pode fazer enquanto enfermeira obstétrica. “Você viver na pele, você sentir o mix de emoção: ao mesmo tempo o maior medo e o maior amor. A maternidade consegue ser leve e intensa. Viver isso de uma forma mais profunda tem sido transformador”, declara.

Como todas as mães, o desejo é de que a pandemia passe e o abraço volte.

“Eu espero que tudo acabe e todas as pessoas consigam ser vacinadas e que a gente volte a abraçar e ter momentos de acolhimento. Voltar para o colo da mãe sem medo. Espero que a humanidade seja transformada com mais capacidade de olhar ao próximo. Todo mundo precisa respeitar os limites para não colocar a vida do outro em risco”, finaliza.

Fonte: Hérlon Moraes / CidadeVerde

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