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24 de abril de 2024
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Microempreendedorismo na pandemia: Conheça a história de empreendedores que se adaptaram para se sobressair a crise financeira

Antônia Maria, pesquisadora ( Foto: Arquivo Pessoal)

Quando a pandemia chegou ao Brasil, no início do ano de 2020, desestruturou muitos empreendedores com o fechamento do comércio, sejam eles formais ou não, pois a grande maioria não estava preparada para as novas adaptações que o mercado exigia. Na macrorregião de Picos não foi diferente, muitos empreendedores tiveram que se readaptar para continuarem a viver da comercialização ou mundo dos negócios. Contudo, há ainda, histórias de empreendedores que surgiram na pandemia. Conheça mais esses perfis e sobre o fetiche do microempreendedorismo.

Segundo números apresentados pela Receita Federal em 2021, os registros de microempreendedores no Brasil vêm crescendo de forma significativa nos últimos anos. Porém com a pandemia, esse quadro mudou, e esses profissionais individuais foram os mais afetados pela crise. Quase nove em cada dez microempreendedores individuais (MEIs), o que dá cerca de 88%, afirmam ter tido queda de renda desde o início da pandemia. Já para 63% desse público afetado, o decréscimo foi grande, enquanto apenas 25%, considera como leve.

A pesquisadora Antônia Marina, egressa do curso de Serviço Social da Faculdade R. Sá, abordou no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma temática que se dá em torno do fetiche do microempreendedorismo, termo que não é comum ouvirmos falar.

“O fetiche é basicamente aquela história, seja microempreendedor, seja rico, tenha seu próprio negócio e dinheiro, isso é como uma ideologia/falácia do capitalismo ao desemprego estrutural apresentado e como esses trabalhadores são precarizados,’’ concluiu Antônia Marina.

Ainda segundo a pesquisadora, analisar essa temática é abordar uma parte pouco vista do microempreendedor, é retirar os véus que fetichizam esse trabalho, que é carente de direitos. Uma das principais causas do fetiche é justamente essa adoração ou ilusão que se dar através de um objeto ou pessoa, neste caso, ele se refere ao lado bom de quem decide empreender, como se não houvessem dificuldades.

Com o crescimento dessas pessoas que buscam adquirir o seu próprio negócio, a mídia e as plataformas digitais tem influenciado para a criação de microempresas, com o intuito de despertar em cada empreendedor o desejo de ser o “seu próprio chefe”. Contudo, vale destacar que o ramo nem sempre pode ser um mar de rosas, existem algumas incertezas para quem trabalha como microempreendedor, como ausência de salário fixo, privação de seguro desemprego, auxílio doença, dentre outros.

Francisca Nascimento da Silva e Marcos Antônio, são residentes da cidade de Valença do Piauí, eles contam que há 9 anos abriram uma lanchonete e se tornaram empreendedores, a empresa é denominada de “O Rei das Tapiocas”. Segundo o casal, a pandemia foi o maior desafio vivenciado até o momento.

“Superar a crise não foi fácil, porque ela afetou principalmente os pequenos negócios, e se adequar ao novo tipo de comércio e se reinventar em um momento em que os custos para manter a empresa está cada vez mais caro, com certeza, foi um dos maiores obstáculos para a gente”, destaca o casal, Francisca Nascimento da Silva e Marcos Antônio.

O casal acrescenta que, infelizmente, com a pandemia tiveram que demitir funcionários e cortar gastos. Com isso, enxergaram que precisávamos buscar urgentemente novas formas de manter o empreendimento vivo durante a pandemia. Os donos da lanchonete relataram que após a demissão dos funcionários tiveram que tomar à frente de todas as outras funções da lanchonete, como, limpar, vender e fazer os lanches. O casal relata que isso proporcionou uma grande sobrecarga, mas que em nenhum momento pensaram em desistir. Futuramente os empreendedores já pensam é em abrir um novo negócio.

Uma empreendedora que apostou nas redes sociais como principal plataforma para divulgação de seus produtos durante a pandemia foi Gilmara Maria.

Também residente na cidade de Valença do Piauí, ela possui uma loja virtual, onde comercializa produtos de beleza, camisetas, calçados, entre outros itens. Segundo ela, tudo é divulgado através das redes sociais (Instagram e Facebook). Gilmara, assim como outros empreendedores foi prejudicada pela pandemia, mas soube se reinventar.

“Como eu já vendia produtos pela internet, não fui tão afetada neste sentido, foi bom porque as pessoas não podiam sair de casa, então passavam mais tempo nas redes sociais. Contudo, a crise fez com que não possuíssem dinheiro para comprarem os produtos”, explicou a comerciante.

Sobre a rotina de trabalho, Gilmara conta que quem atua no ramo com lojas virtuais, não têm hora para trabalhar. Ela mesma produz cards, textos, e oferta os produtos nas redes sociais, tudo com a finalidade de atrair atenção dos seus clientes. Gilmara Maria lamenta que durante a pandemia não foi beneficiada com nenhum tipo de auxílio para angariar a compra de seus produtos.

Perfil da loja virtual de Maria Gilmara nas redes sociais ( Foto: Reprodução)

Ficou evidente a migração de frentes de trabalho do presencial para o virtual durante a pandemia. Com isso, percebeu-se o aumento vertiginoso no número de profissionais (microempreendores) que utilizam plataformas online, como espaço para venda e divulgação de seus produtos, e esse número se intensificou com a pandemia, sendo considerada uma das formas alternativas de trabalho. Os microempreendedores emergiram nesse sistema como uma forma de estratégia para superar o desemprego e a crise.

Os impactos da pandemia vieram de diversas formas como demissões em massa e adequação na forma de trabalho. Muitos não conseguiram manter suas rotinas de estudo e trabalho, pois não podiam sair de casa ou não sabiam utilizar as mídias sociais. Com isso, não só o mercado de trabalho, como o mundo teve que se reinventar.

Acreditamos que o que discutimos sobre o fetiche do microempreendedorismo está presente na realidade em que os MEIs vivenciam através de uma série de fatores ocasionados ao longo da sua rotina de trabalho, que parece invisível aos olhos da sociedade, como a falta de salário fixo, privação de seguro desemprego, auxilio doença, dentre outros. Ademais, como já foi citado acima pela pesquisadora Antônia Marina, em momentos de instabilidade financeira como na pandemia da Covid-19 esses foram os principais afetados.

Por: Maria Dagmar / Faculdade R.Sá

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