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29 de março de 2024
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Não houve a Festa do Shortinho. Por que o Jornalismo é importante ser feito em casos do tipo?

Semana passada foi anunciado com grande estardalhaço na cidade de Betânia do Piauí (a 509 quilômetros de Teresina, no Sertão do estado) a realização da Festa do Shortinho. Era para ser mais uma entre as tantas quase já comuns manifestações ditas como culturais de nossa população. Quem fosse com o menor traje ganharia a bagatela de R$ 100,00.

A festa terminou não ocorrendo porque O Olho fez matéria sobre o caso e despertou atenção do Ministério Público, do Conselho Tutelar e da Polícia Militar. Parte da população da cidade apoiou a ideia, mas outra ficou tiririca com a matéria sobre o caso. Não gostaram porque não houve a festa. Não deu quase ninguém porque a maioria do público seria de menores de idade.

O caso da Festa do Shortinho é apenas mais um entre tantos do estado de coisas e fatos que chegou a nossa cultura (ou, para alguns, falta dela), entrando em consenso com a falta de valores morais e familiares. É errado ter uma festa do tipo? Deixo a critério de vocês o julgamento. Em Teresina a tendência tem sido de não ocorrer, pois terminam ferindo valores e incentivando a pornografia.

O que tem de errado fazer uma festa em premiar a mulher que tivesse o menor short com R$ 100,00? Inclusive o concurso chegou a movimentar a economia do município. Muitas lojas e bancas da feira venderam parte de seus estoques de micro-shorts.

Cartaz da festa

Essa resposta já tinha sido dada antes mesmo da matéria ser feita: a inserção cada vez mais de menores de idade, e cada vez mais cedo no erotismo. Gravidez e entrada no mundo do alcoolismo precocemente eram apenas alguns dos fatos preocupantes. Para uma parte da população e de quem comentou a matéria isso é direito de qualquer um.

Quem não gostou da matéria ficou com raiva porque foi dito que Betânia do Piauí fica nos confins do Piauí. Para quem teve preguiça de olhar no dicionário o que significa esse termo faço questão de esclarecer aos mais xenófobos. Confim é o mesmo que limite. Sim, Betânia do Piauí está no limite (no caso, divisa) entre os territórios piauiense e pernambucano. A festa foi nos confins do Piauí e Betânia, até que se tire do lugar e venha mais para o Centro do estado, fica nos confins sim. Não seria melhor querer reclamar sobre políticas públicas de cultura, de saber por que a cidade não tem grupos teatrais atuantes, uma sala de cinema e mais bibliotecas?

Quem não gostou da matéria também disse que a cidade foi exposta. Peraí. E é para acontecer tudo isso e, mesmo divulgado em praça pública e em vários cartazes não é para virar matéria? Lembrando que o Regime Ditatorial e censorial acabou faz décadas, muito antes, inclusive de mais de 90% dos frequentadores da Festa do Shortinho terem nascido.

Quem não gostou da matéria ficou com raiva porque o Conselho Tutelar da cidade trabalhou. Mas não é para trabalhar, não é para proteger crianças e adolescentes? É tanto que a festa foi um fracasso de público porque, sabendo da ideia e da presença do Conselho Tutelar e da Polícia Militar não deu quase ninguém. Ou alguém iria cometer crime? Ou era porque a festa iria estar lotada de menores de idade?

Premiação prometida

A matéria serviu para refletir sobre o papel do Ministério Público. A promotora de Justiça de Paulistana, Emanuelle Martins Neiva Dantas Rodrigues Belo, tão logo soube do polêmico evento, acionou as autoridades competentes de fiscalização em Betânia do Piauí. Foi um fato marcante. Os membros do Conselho Tutelar e do Grupamento da Polícia Militar de Betânia do Piauí ficaram no lugar até a madrugada.

Que a Festa do Shortinho que nunca mais acontecerá no Pancadão dancy clube, local da festa, palavras do dono. E que possa haver reflexão social sobre o que é a família, o que é o amor, o que é o respeito e, principalmente o que é a liberdade sem libertinagem. Só com discussão poderemos saber. Viva a festa da liberdade de imprensa e da liberdade de poder cobrar. Isso se chama cidadania. Talvez o termo incomode os mesmos que se incomodaram com o termo confins. Incômodo gerado por uma ignorância que alimenta um estado de coisas bem diferente do que a maioria gostaria que acontecesse.

 

 

Fonte: Orlando Berti / O Olho

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