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16 de abril de 2024
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No PI, Lula diz que pobres incomodam elite e que fará jus a títulos recebidos

Em discurso na cerimônia de entrega do título de cidadão piauiense e teresinense na Assembleia Legislativa do Piauí, o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva afirmou que os pobres tem provocado incômodo na elite brasileira e que isso é apenas um degrau que o país deve subir para a construção de uma maior igualdade no Brasil. Lula também afirmou que fará jus ao título recebido e que se sente mais brasileiro, agora piauiense.

“Tem gente que acha que lugar de pobre é no fim da feira. A coisa mais chique é só para alguns. Tem gente que se incomoda em ver que as pessoas hoje andam de avião. Parcelam a passagem em 12 vezes e vem. É maravilhoso. Isso incomoda muita gente. Os pobres subiram um degrauzinho nessa escala para que a gente tenha uma sociedade mais equânime”, afirmou o ex-presidente.

Ainda em seu discurso Lula criticou a oposição e admitiu que a crise econômica pode atrapalhar a gestão dos estados brasileiros, mas para driblar a  crise, recomendou a Wellington Dias mais atuação, mais política e mais convívio com as pessoas.

“Você tem que ser melhor agora que em suas duas gestões anteriores, Wellington. Eu sei que tem menos dinheiro, mas ande mais, conviva mais com as pessoas, faça mais política e faça com a Dilma o que você fazia comigo. Esse foi o índio que mais levou dinheiro para o Estado dele. Você aprendeu a chorar então vá atrás companheiro”, disse o ex-presidente.

Memórias

Em seu discurso o ex-presidente lembrou passagens de quando esteve no Piauí pela primeira vez em 1980 para fundar o Partido dos Trabalhadores e em 1982 para fazer a primeira caravana do partido, quando esteve em Amarante, Santo Antônio de Lisboa e Picos. “A imagem mais forte que tenho é dormir na casa de Zé Pereira e ele trancar todas as portas com pregos pra ninguém fazer mal à gente. Lembro com muita emoção”, recordou Lula.

O ex-presidente também lembrou que quando assumiu seu primeiro mandato em 2003 levou todos os seus ministros para conhecer lugares de extrema pobreza no Brasil. Entre eles estava o Piauí. “Meus ministros tinham que conhecer o Brasil. Eu não queria que eles conhecessem o Brasil de Copacabana, da Paulista, de Belo Horizonte. Queria que eles conhecessem as entranhas para ver o olhar do nosso povo Gente que nunca tinha vindo no Nordeste que só conhecia por literatura ou talvez por resultado de pesquisa do IBGE e eu sei quanta gente ficou perplexa”, contou.

“Eu sei o que fizemos pelo Brasil. Não faço política atrás de agradecimento. Político é assim, não espere agradecimento. O melhor agradecimento é deitar com sua consciência tranquila todo dia e é o que eu faço. Fiz o que era justo para meu país”, discursou.

Lula se autointitulou um “superbrasileiro” por ganhar tantos títulos e disse que o país vive um momento de exaltação do ódio contra o governo da presidente Dilma Rousseff.

“Esse país está vivendo um momento de ódio, esse país está vivendo um momento em que as pessoas nem precisam ser julgadas. As manchetes dos jornais condenam antes de as pessoas saberem que têm um processo contra elas. Muita gente fica nervosa e precisa ter calma”, disse.

Lula afirmou também que as pessoas têm de saber qual é a “culpa” do governo e do PT na crise. Ele disse que países como Espanha, Itália e França também tiveram suas crises. “O Brasil não era uma ilha no meio do deserto. Nós também estamos sofrendo, e a presidente [Dilma Rousseff] tomou atitude para tentar melhorar. Isso a gente faz na casa da gente. Se gastou um pouco demais, perdeu a conta, você tem que brecar… Ou a gente faz isso ou quebra de vez.”

“Eu achava que não era possível, que a elite brasileira não iria deixar. Eu queria provar que era possível chegar lá, provar que pobre não era o problema do país. Queria provar que o problema eram os poucos que não queriam repartir nada da pobreza com os pobres. Esse país era governado achando que era normal as pessoas serem pobres. Era normal piauiense ir pra São Paulo ser pedreiro. Era normal o Nordeste aparecer como maior índice de mortalidade infantil, analfabetismo e aconteceu um milagre nesse país, qual foi? Se você empresta um bilhão pro rico ele deposita no banco fora do Brasil. Se você empresta R$ 10 pro pobre ele compra feijão, faz a economia girar, gerar mais emprego, mais salário mais uma fábrica e o milagre nesse país”, pontuou.

Crise

Lula concluiu afirmando que o título fortalece seu compromisso inabalável com a democracia e fez críticas sobre o que é falado sobre a crise atual no país. O ex-presidente questionou se esqueceram o que foi feito por ele e sua equipe de governo em sua gestão.

“Este país está vivendo um momento inusitado, um momento de ódio onde as pessoas não precisam nem ser julgadas e as manchetes condenam antes das pessoas saberem se tem processos. Muita gente fica nervosa e irritada e temos que nos perguntar o que está acontecendo, qual a culta tem o governo? Qual a culpa tem o PT? Alguém já comparou a crise brasileira com a crise da França? Crise da Itália? O Brasil não é uma ilha no meio do deserto que nada podia acontecer. Isso a gente faz na casa da gente, gastou um pouco demais, perdeu a conta, tem que brecar. Ou a gente faz isso, ou quebra de vez. Esse país é muito grande é extraordinário tem um povo trabalhador e fantástico. Será que é por isso que tem gente com raiva de nós. Eles esquecem como nós pegamos o país? Eles esquecem que pobre não entrava em universidade. Eles se esquecem que em 12 anos fizemos 554 e eles em 100 anos fizeram 140?”, desabafou.

Ouça o discurso do ex-presidente Lula na íntegra:

 

Rayldo Pereira e Yala Sena / Cidade Verde

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