19 de abril de 2024
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O prefeito-jornalista que usou verba do Carnaval para investir em Educação e Saúde

Provavelmente você nunca ouviu falar de Luciano Azevedo. Eu também nunca tinha ouvido! Ele é prefeito da cidade gaúcha de Passo Fundo (a 3.504 quilômetros de Teresina), literalmente no outro lado do Brasil.

O administrador municipal, que também é jornalista e advogado, ficou famoso em todo o país não por ser mais um político envolvido em roubalheira. Não seria novidade! Ele pode até não ser santo, mas deu um exemplo que poderia ser perfeitamente copiado em tempos de que os políticos são acusados em coro de ladrões, aéticos e de virarem as costas ao povo. Nos últimos dois anos o prefeito, que é do PPS, deixou de destinar R$ 800.000,00 para a festa de Carnaval do município. Não meteu no bolso, investiu em saúde e educação. A maioria da população da cidade aprovou!

Prefeito e jornalista que pegou a verba do Carnaval para investir em saúde e educação. Foto: Ascom/PMPF

Em 2014 o dinheiro da Prefeitura Municipal que era para financiar o desfile das escolas de samba em Passo Fundo (que duraria menos de dez horas nos quatro dias de Carnaval) teve o curso mudado e foi destinado para a compra de 400 aparelhos de ar-condicionado para climatizar as escolas municipais da cidade. Este ano, outros R$ 400.000,00 foram destinados para a construção de um centro de saúde para as mulheres. A população gostou da ideia e pede que em 2016 haja Carnaval sim, mas sem dinheiro da Prefeitura e que a grana destinada à folia vá para uma área social.

E por que a ideia não pega? Será que quatro dias de folia para alguns, bancado pela verba do imposto de todos, é democrática? Ou será que Luciano Azevedo é um louco populista que quer ganhar simpatia e votos? Ou tudo é um grande golpe de marketing?

Independente de respostas, foi uma atitude corajosa. Principalmente porque o Carnaval é uma festa que envolve o popular, que mexe com massas e que o investimento estatal termina sendo uma grande justificativa da milenar política do pão e circo.

Em vez de dinheiro para quatro dias de folia: ar-condicionado para uma geração inteira. Foto: Ascom/PMPF

Em praticamente metade das cidades do Piauí as prefeituras colocam bandas de axé, forró e suingueira. Muitos desses grupos musicais, pagos pelo dinheiro do povo desfilam um dicionário de pornografias que deixam as atrizes e atores da produtora pornô Brasileirinhas parecendo freiras e monges em clausura). Ou seja: constrói-se uma educação ao contrário. Em algumas outras cidades ainda há o desfile das escolas de samba, quase todas bancadas com dinheiro público.

Ninguém é contra o Carnaval. Mas em tempos de crise econômica em que as prefeituras alegam liseira e corte de gastos por que não incentivar as empresas a bancarem as festas em vez do dinheiro da educação, saúde, guardas municipais, assistência social e da própria cultura ir para a folia? Ou o povo merece mesmo folia com esses gastos e tudo não deixa de ser cultura da população?

Não sabemos se Luciano Azevedo será reeleito este ano. Talvez nem seja, pois deve ter ganho muitos inimigos por não pegar o dinheiro do povo para investir em quatro dias de folia. Mas, com certeza, entra para o time dos que tentaram mudar a vida inteira de pessoas com atos em prol da educação.

Que o ato do prefeito gaúcho gere reflexões, principalmente em tempos de que atitudes políticas sérias e verdadeiramente em prol do povo estão em escassez.

 

 

Fonte: Orlando Berti / O Olho

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