Sítios arqueológicos de Castelo do Piauí estão ameaçados. Recentemente foi liberada uma licença prévia para que uma barragem seja construída no local, porém muitos desses espaços ainda nem foram catalogados e a construção da obra pode representar uma perda irreparável tanto para o patrimônio do Piauí, quanto da humanidade.
A barragem terá capacidade para 2,5 milhões de metros cúbicos de água e vai beneficiar não só o município de Castelo, mas comunidades vizinhas e as cidades de Altos e Campo Maior. O problema é que a barragem será construída em uma área em que há centenas de sítios arqueológicos e a obra deve inviabilizar o acesso a esses locais que certamente possuem pinturas rupestres e outros vestígios ainda não catalogados.
Um levantamento feito em 2006 pelo Núcleo de Antropologia e Pré-História da Universidade Federal do Piauí aponta que na região há pelo menos 66 sítios arqueológicos já descobertos para a arqueóloga Conceição Lage, a futura inundação da área, trará prejuízos irrecuperáveis.
“O prejuízo com a construção da barragem é você justamente submergir esses vestígios sem antes estudá-los. É necessário primeiramente a gente saber quem fez aquelas pinturas? Quando fez? Que tipo de vida tinha ali? Que tipo de material usaram? Lá também não há só pinturas e gravuras, lá também há vestígios cerâmicos e líticos que precisam ser salvos.
O estudante Arlon, que produz mestrado direcionado aos sítios arqueológicos já catalogados reforça ainda mais a perda com o alagamento da região. “As questões culturais são muito importantes, está dentro da vivência das pessoas, do que elas construíram com esse espaço e tudo isso deve ser levado em consideração”, explica.
A licença prévia para a construção da barragem foi liberada recentemente pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí mas a data para o início da obra ainda não foi definida. Para o secretário Ziza Carvalho, é preciso acertar outros detalhes. “Existem várias condicionantes que ao longo do processo de licenciamento devem ser cumpridas para que ela possa seguir na construção dessa barragem, não só por parte das condicionantes ambientais, de importância do ponto de vista do meio-ambiente, como condicionantes do ponto de vista arqueológico pelo Iphan que precisa também dar a sua anuência e realizará os estudos arqueológicos da região”, concluiu.
