29.1 C
Jacobina do Piauí
20 de abril de 2024
Cidades em Foco
GeralInternacional

Robô auxilia cirurgia neurológica no Rio Grande do Sul

Foto: Leonardo Lenskij/Divulgação

Um hospital particular de Porto Alegre realizou na última quarta (10) uma cirurgia neurológica com o auxílio de um robô que simula um braço humano. Segundo a Brainlab, fabricante do equipamento, foi a primeira neurocirurgia robótica executada em toda a América Latina.

O robô auxiliou a fixação de parafusos para estabilizar a coluna de um paciente. O homem de 65 anos apresentava dor na coluna lombar com irradiação para membros inferiores -ou seja, quando atinge outras partes do corpo, como as pernas.

Em casos assim, o normal é priorizar certas ações antes de optar por cirurgias, como mudança de hábitos alimentares, fisioterapia e utilização de medicamentos, explica Arthur Pereira Filho, neurocirurgião do Hospital Moinhos de Vento e doutor em neurociência pela PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).

No caso do paciente, uma ressonância mostrou um estreitamento do canal da coluna lombar dele e um escorregamento de vértebras, chamada de espondilolistese.

“Isso significa que o paciente tinha uma degeneração avançada da coluna, onde os nervos estavam apertados. Ele tinha o que se chama de instabilidade da coluna. Ela estava frouxa, em termos leigos, e havia o escorregamento de uma vértebra sobre a outra”, explica Pereira Filho, que participou do procedimento.

Como as medidas mais simples não diminuíram a dor, optou-se pela realização de uma cirurgia chamada artrodese da coluna lombar. “É um procedimento tradicional que já se faz há muitos anos e serve para inúmeras patologias da coluna”, diz o médico.

A cirurgia consiste em realizar uma descompressão dos nervos. Além disso, é feita uma estabilização da coluna por meio de parafusos que são colocados nas vértebras, evitando o escorregamento delas.

A inovação, no caso desse paciente, foi a utilização do braço robótico para auxiliar os cirurgiões.

O emprego de robôs em procedimentos cirúrgicos não é uma novidade –em muitos casos, o cirurgião manipula a máquina por meio de um controle fora do campo cirúrgico. Mas no caso do braço robótico, ele funciona como um braço adicional durante o procedimento, explica Vinícius Dessoy Maciel, presidente para a América Latina da Brainlab. Além disso, o cirurgião não deixa o campo da operação.

Ao aplicar os parafusos mais precisamente com o auxílio do robô, dizem os envolvidos, reduz-se o risco de complicações e necessidade de novas cirurgias nos casos em que o implante não é aplicado no local exato ou quando ele fica frouxo.

Para o robô funcionar, é necessária a utilização de uma segunda tecnologia: a neuronavegação. Esse instrumento lê imagens da anatomia do paciente e indica o local exato em que o parafuso deve ser inserido.

“A navegação me ajuda a planejar o processo cirúrgico para depois implementar”, afirma Maciel, que diz que o Hospital Moinhos do Vento aplica a tecnologia em cirurgias neurológicas há cerca de 15 anos.

Só a implementação do sistema de navegação pode melhorar o resultados dos pacientes, mas não tanto quando ocorre a utilização em conjunto com o robô. “Se não há o braço robótico, é possível usar apenas o sistema de neuronavegação, mas a firmeza e a colocação do parafuso não é tão precisa”, explica Pereira Filho.

Ele diz que, no método tradicional, onde não se utiliza o sistema de navegação nem o robô, cerca de 20% dos parafusos são implantados com um posicionamento não ideal. Com a navegação, esse percentual cai para 4%. Ao utilizar a navegação em conjunto com o braço robótico, menos de 1% dos parafusos apresenta o posicionamento com algum grau de baixa precisão.

No caso do paciente atendido no Moinhos do Vento, o desfecho foi benéfico: não houve complicações pós-cirúrgicas e não foram registrados problemas de desvio do parafuso implantado na coluna, segundo os médicos. O paciente teve alta e, até o momento, não relata mais dores na lombar.

O hospital fez mais duas cirurgias com o braço robótico. Ambos os procedimentos foram considerados bem-sucedidos.

Preço é alto 

Embora tenham vantagens, os equipamentos para realização das neurocirurgias robóticas são caros -situação que também ocorre com outros robôs projetados para fins médicos.

O valor médio do braço robótico da Brainlab é de U$$ 450 mil, ou cerca de R$ 2,3 milhões na conversão atual. O navegador que precisa ser utilizado com o robô também custa cerca de R$ 2 milhões.

“É um investimento pesado se formos pensar no SUS ou em hospitais de menor porte”, afirma Pereira Filho.

Para Maciel, da Brainlab, a análise dos custos demanda entender o que as tecnologias representam para o sistema de saúde a longo prazo. “Muitas vezes, não se investiga o impacto de cirurgias.”

Ele exemplifica um caso em que a aplicação do parafuso de forma não precisa demanda uma nova cirurgia -algo que representa mais custos e perda na qualidade de vida do paciente. Com o braço robótico, esses casos de operações para revisar o implante caem, resultando em uma possível economia de valores.

Fonte: Folhapress (Samuel Fernandes) 

Notícias relacionadas

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Se você está de acordo, continue navegando, aqui você está seguro, mas você pode optar por sair, se desejar. Aceitar Leia mais