Dinheiro emprestado com familiares e até mesmo agiotas, falta do que comer em casa, aluguéis atrasados com risco de despejo, cortes nos abastecimentos de água e luz… é assim que vivem muitos servidores do Hospital Regional Justino Luz com os constantes atrasos salariais.
A desvalorização do funcionalismo público é evidente quando o problema se torna crônico e é denunciado, mês após mês, anonimamente (por medo de represálias), por servidores que trabalham com o sentimento comum de toda pessoa – ter seu dinheiro –, mas que, precisam arriscar suas cabeças apontando as falhas administrativas na intenção de serem lembrados pela gestão – atualmente, Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares – e pagos.
Segundo os denunciantes, a nota para recebimento do salário de dezembro foi paga nos primeiros dias do mês com a promessa de que todos teriam, em suas contas, o dinheiro até o final do mês. Contudo, já está se encerrando janeiro e nenhum retorno foi dado aos funcionários.
Picos, assim como em todo o país, vive o surto do coronavírus, vigente há dois anos, e com um novo: Influenza. Isso faz com que os funcionários se empenhem mais em seu trabalho, visto a alta rotatividade de pacientes. Sem contar o risco que os mesmos correm de contraírem as doenças e, até mesmo, levá-las a seus familiares.
Um dos denunciantes frisou que esse momento de surto na saúde pública e a desvalorização para com o profissional que tem se empenhado em prestar um bom serviço à sociedade.
“Trabalhamos o mês todo. Estamos vivendo uma nova onda do vírus, que se juntou ao surto de gripe. Nosso hospital está com capacidade máxima, lotação máxima. E ainda assim nós, profissionais, temos que passar por isso sem o mínimo, que é nosso salário. Contas atrasam, fica difícil arcar com moradia e alimentação. E não há sequer uma resposta por parte da direção. Estamos completamente negligenciados”, disse indignado.
Uma outra servidora elencou alguns percalços que tem sofrido com o atraso salarial, tais como falta de dinheiro para a educação dos filhos e para pagar o aluguel.
“Meu aluguel atrasou. Tive que pedir emprestado para pagar. Pagamos uma nota para receber nosso salário. Eles sempre dizem que o salário tem que cair 15 dias após o pagamento da nota. Nós pagamos a de dezembro no início do mês passado, e já estamos concluindo janeiro e nada de salário. Tenho filho e as aulas vão começar. Não tenho nem como comprar fardamento porque não tenho o salário que eu trabalhei para ter. Não estou reclamando de algo que não me é direito. Estou reclamando algo que eu trabalhei para receber”, declarou.
O Portal Cidades em Foco entrou em contato com a assessoria de comunicação do hospital, na manhã desta segunda-feira (24), para que intermediasse o acesso à Fepiserh e esta pudesse emitir uma nota de esclarecimento. Contudo, até o momento de publicação dessa matéria, não houve posicionamento.
Atualizada às 10h00 de 26 de janeiro
Sem muito esclarecimento sobre previsão para data de pagamento dos salários dos servidores, a Assessoria da Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares enviou a seguinte nota ao Portal Cidades em Foco:
“A Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares informa que o pagamento dos prestadores de serviço referente ao mês de dezembro será efetuado assim que o sistema da Sefaz – Secretaria Estadual de Fazenda – for liberado.”