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17 de abril de 2024
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Teste com imunizante contra HIV apresenta resultados positivos

Vacina varíola dos macacos - Foto: Anvisa

Uma pesquisa divulgada neste Dia Mundial de Combate à Aids (1º) observou que um modelo de vacina causou uma resposta imune nos participantes do estudo. A conclusão do estudo, que é assinada principalmente por americanos, colabora para entender como induzir anticorpos que são eficazes no combate ao HIV.

Um grande dilema para produzir uma vacina eficaz contra o HIV é que o vírus está em constante mutação. Uma forma de contornar o dilema é induzir uma resposta imune baseada em anticorpos altamente neutralizantes (bnAbs). Estudos já demonstraram que eles são capazes de proteger contra uma infecção pelo patógeno que causa a Aids.

“Esses anticorpos [altamente neutralizantes] se ligam ao vírus e impedem que ele entre na célula -a gente diz que o vírus foi neutralizado. Isso é imprescindível para conter uma infecção viral”, afirma Aguinaldo Roberto Pinto, que não assina o artigo e é professor do departamento de microbiologia, imunologia e parasitologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

A produção de anticorpos está associada com células chamadas linfócitos B. No entanto, para o caso dos anticorpos altamente neutralizantes, esses linfócitos são raros e, por isso, a produção é insuficiente mesmo em pessoas que vivem com o HIV.

“Se você pegar uma pessoa que tem HIV, ela tem muitos linfócitos B que estão fazendo anticorpos contra o vírus, mas raramente estão fazendo [aqueles que são] neutralizantes”, diz Pinto.
Formada por 120 cópias da proteína mais externa do HIV, a chamada GP120, a nova vacina estimulou as células precursoras do linfócito B. Com isso, os anticorpos altamente neutralizantes também passaram por um maior nível de indução, sendo um indicativo importante de que o imunizante pode ser útil na prevenção da doença.

No total, o estudo contou com 36 participantes. Desses, 35 apresentaram respostas nas células precursoras do linfócito B associado ao anticorpo que é eficaz contra o HIV. Além disso, o padrão de segurança do imunizante foi medido -objetivo importante para estudos como esse, que é de fase um.

NOVAS FASES

Para Pinto, as descobertas do estudo são significativas de que a vacina pode funcionar, mas faltam estudos maiores e mais longos para medir se a geração de anticorpos induzidos pela vacina realmente vai ocasionar proteção contra o HIV.

Esse é um dilema que todo estudo para vacina contra o vírus enfrenta. Um estudo de fase três demanda uma amostra grande e acompanhamento por um período de tempo para comparar a taxa de infecção do grupo placebo com aquele que recebeu o imunizante.

Mas isso pode demorar anos em um teste com uma vacina para Aids porque os participantes precisam ser muito bem informados sobre prevenção do vírus. Além disso, o vírus é transmitido por relações sexuais ou compartilhamento de objetos. Dessa forma, a transmissão pode ser considerada mais difícil comparado a outros patógenos, como o Sars-CoV-2, cuja transmissão se dá principalmente por vias aéreas.

Por isso, Pinto diz acreditar que, mesmo com os resultados promissores, a nova vacina pode demorar bastante para contar com novos dados sobre sua eficácia. “Quando chegar a uma fase três, vai ser um problema que sempre aparece em vacinas contra HIV, que é saber se as pessoas vão infectar ou não no mundo real”, conclui.

Fonte: Folhapress/Samuel Fernandes

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