O poder público perdeu o controle dos presídios brasileiros, totalmente dominados pelas facções e pela corrupção. Quem afirma é o deputado estadual Robert Rios (PDT), que ocupou mais de uma vez a Secretaria de Segurança do Piauí. Para ele, a corrupção é tão livre que acontece em escala: “Tem agente que cuida do tráfico de drogas, outro da entrada de celulares e outro do tráfico de sexo”, diz. A situação é tão grave que, para muito preso, é melhor morrer que estar em um presídio – afirma o deputado, utilizando-se da afirmação do ministro da Justiça, Alexandre de Morais.
Para Robert, todo o sistema prisional é um “ciclo defeituoso” onde um problema vai reafirmando outro. Ele culpa tanto o governo federal como os estados pela situação atual. “Faltou investimento no sistema”, afirma, acrescentando que a crise é o resultado de uma soma perversa de “corrupção mais descaso”.
O deputado não poupa os sindicatos do setor, numa referência específica ao Piauí. “Em todo lugar os sindicatos fortes são de setores produtivos. Aqui, sindicato forte é do setor público, que não produz nada”. Defende uma série de liberalizações nos presídios, como o uso de celular, porque certas proibições só favoreceriam a corrupção. “Se puder entrar livremente, aí acaba a corrupção”, diz. “Só não pode entrar arma”, sentencia.
Robert Rios diz que a crise tem solução, sim. “Mas vai exigir muita energia do país. A situação chegou a um nível muito grave”, afirma. A solução, no entender do deputado, passa pela humanização das prisões. “Hoje os presídios são depósitos de gente, com dignidade zero”, ressalta, acentuando a situação degradante encontrada nas casas de detenção. “O preso não pode nem defecar, a não ser espiado por dez companheiros de cela”, observa.
Todas as facções criminosas estão no Piauí, diz Robert
O deputado Robert Rios costuma fazer declarações que não deixam margens para dúvidas e muito espaço para a polêmica. Ao ser indagado se todas as facções criminosas estão nos presídios do Piauí, é categórico: “Sem dúvida nenhuma!”. É um sistema nacional, que funciona na ação dentro e fora dos presídios. “Estão todas aqui”, reafirma.
Indagado sobre porque a Secretaria de Justiça não admite essa presença, o deputado é outra vez contundente: “Porque todo governo é sempre tolo. Esconde a verdade como se quebrar o termômetro fosse acabar a febre”. Ainda assim, ele defende a estrutura existente em praticamente todos os estados, com uma secretaria específica para cuidar da administração do sistema prisional. Para ele, colocar esse tema sob a responsabilidade da Secretaria de Segurança não ajudaria a solucionar o problema.
Fonte:CidadeVerde