Em depoimento à polícia, funcionários da Ferrovia Transnordestina afirmaram que a colisão do trem de carga com o metrô – ocorrida no último dia 11, que resultou na morte de duas pessoas – aconteceu por uma falha de comunicação. De acordo com o delegado Flávio Rangel, que preside o inquérito, os funcionários garantem que há gravações que comprovam que o trem foi autorizado a voltar nos trilhos.
Os depoimentos começaram a ser colhidos nesta terça-feira (17). “As pessoas da FTP relatam que estavam fazendo a manutenção da ferrovia e que a previsão de conclusão era para 16h, mas o prazo não foi cumprido. O metrô teria que parar na guarita 1, para esperar o trem de carga retornar. Só depois estaria livre para seguir, mas se antecipou. É o que diz o pessoal da Transnordestina. Eles também dizem que foi dada autorização para eles voltarem e que existem gravações via rádio das orientações passadas, confirmando que poderiam seguir de ré”, explicou o delegado.
Em entrevista ao Jornal do Piauí de hoje, Flávio Rangel acrescentou que já solicitou essas gravações à empresa e que na próxima quinta-feira (19), serão ouvidos os funcionários da Companhia Metropolitana. “As duas empresas também estão fazendo uma investigação paralela. Pelo que o pessoal da Transnordestina disse, o local é de difícil visibilidade, por isso não foi possível evitar o acidente. Mesmo assim, o maquinista freou. Se não tivesse freado, a tragédia seria até maior”, avalia o delegado.
O acidente
Por volta das 16h do dia 11 de novembro, o metrô de Teresina bateu na traseira do trem de carga da Transnordestina, que realizava a manutenção da linha férrea próximo a ponte sobre o Rio Poti, na avenida Higino Cunha. Na colisão, dois maquinistas morreram, um de cada composição. Uma segunda pessoa que estava no metrô conseguiu pular e foi socorrida pela equipe do Corpo de Bombeiros.
Os corpos das duas vítimas fatais só foram retirados das ferragens por volta das 20h. Em nota divulgada na manhã seguinte, a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) disse que as primeiras investigações indicam descumprimento do procedimento operacional pelo Metrô de Teresina, que teria avançado uma SB (seção de bloqueio) sem permissão.
Jordana Cury / Cidade Verde