Nesta terça-feira (15), Dia do Consumidor, muitas pessoas se preparam para aproveitar muitos descontos e encherem os carrinhos. Contudo, a data também acende um alerta sobre o vício em compras.
De acordo com o psiquiatra especialista em compulsão, Dr. Luiz Guimarães, a associação entre aquisição de objetos e recompensa ou neutralização das emoções negativas, é um dos indícios de que a saúde mental precisa de mais atenção do que os sites de oferta.
“Há quem perca o controle com a enxurrada de anúncios e, com isso, quadros de consumismo podem vir à tona e são normais. Contudo, é preciso distinguir uma situação episódica de uma situação repetitiva. Do ponto de vista subjetivo, observamos que os compradores compulsivos estabelecem um apego emocional e segurança por meio das compras, mas também uma relação com o consumo como uma estratégia para lidar com as emoções negativas ou até como forma de angariar afeto”, detalha.
Sentir culpa quando as encomendas chegam
O sentimento de culpa nos dependentes de compras é tão grande que, após um episódio de consumismo, alguns escondem as sacolas de compras ou sequer tiram do porta-malas para não confrontar os objetos adquiridos.
Ainda segundo o psiquiatra, há quem se sinta envergonhado quando as entregas chegam ou até quem envie as compras online para outro endereço, de um amigo ou parente, para não causar problemas familiares e evitar discussões. Esconder as sacolas pode ser um sintoma importante para descobrir o problema.
“A compulsão por compras gera vergonha, ansiedade, culpa, prejuízo no orçamento pessoal ou familiar, e é crônica – ou seja, se repete frequentemente. Muito se fala sobre as dependências químicas – álcool e drogas -, mas essas são apenas algumas das facetas dos comportamentos dependentes. Não podemos nos basear na quantia gasta ou na renda, mas sim na extensão da preocupação, no grau de angústia sofrida pela pessoa e nas consequências adversas e negativas”, aponta o especialista.
O que é compulsão?
A Compulsão por compras é um transtorno do controle do impulso. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a característica essencial é a falha em resistir a um impulso, instinto, ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao indivíduo ou outras pessoas. Mas, o psiquiatra comenta que todo mundo passa por um episódio em que vai “gastar além da conta”, porém o que vai indicar o transtorno é a cronicidade, ou seja, a repetitividade, porque o indivíduo não consegue evitar não comprar.
“Na compulsão a pessoa pensa o tempo todo naquela experiência e fica presa naquele pensamento intrusivo. O indivíduo não consegue evitar. Assim como em outros comportamentos compulsivos, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo, mas um impulso. A ansiedade antes de comprar se torna arrependimento logo em seguida, esta é uma característica desse quadro. Sem ajuda, o problema pode causar, além de dívidas cada vez maiores, depressão e isolamento social”, conta.
Fonte: CidadeVerde
