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25 de abril de 2024
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Volta do Campo Grande e Floresta do Piauí celebram certificação de Patrimônio Vivo da Cultura

O secular Grupo Cultural Batuque da Volta do Campo Grande, de Campinas do Piauí, foi certificado em 2022 como Patrimônio Vivo do Piauí. Véi Tôim Batuqueiro, filho da Volta, também foi agraciado com esta mesma honraria. A fim de celebrar esta dupla conquista, os batuqueiros convidaram para um Samba em sua sede Mestres de cultura do município vizinho Floresta do Piauí, Gabiru e Chiquim Ferreira, também agraciados com o mesmo título pelo Governo do Estado do Piauí. Estiveram presentes ainda Mestres diplomados pela Academia Florestense de Cultura Popular: Zé de Anísia e Seu Dodó. O intercâmbio cultural entre Floresta e Volta existe desde as primeiras décadas do século XX e o encontro ocorrido neste dia 25 de janeiro de 2023 foi justamente para fortalecer este laço de amizade ancestral.

É possível conhecer um pouco melhor a respeito do Samba da Volta do Campo Grande no documentário “Lá Vem a Barra do Dia”, de Roberto Sabóia e Ricardo Augusto. Aliás, esta é uma verdadeira obra-prima do audiovisual piauiense. O Batuque da Volta é também conhecido como Samba de Cumbuca devido ao instrumento inusitado utilizado na percussão: uma cabaça de grandes proporções. O Samba da Volta tinha se enfraquecido com a passagem de mestres como João de Hermenegildo em fins dos anos 1990, Seu Mel por volta de 2010 e Seu Minga, pouco depois. Mas Inácio, filho de Minga que tem pouco mais de 40 anos de idade, arrebanhou o povo de Samba e desde 2021 vem realizando grande esforço para que a cultura de seus antepassados não se enfraqueça.

Entre os seus principais enfrentantes atuais estão o próprio Inácio e Véi Tôim Batuqueiro, além de Auri, Dona Balô, Gildão, Toco Véi, Ana de Minga, Maria de Mel, Dona Lúcia e Jaqueline. Devido a este intercâmbio cultural histórico, Floresta do Piauí ainda hoje conta com mestres de Batuque, como Chiquim Ferreira, Zé de Anísia, Afonso Matias, Dona Bilunga, Expedito de Margarida, Dona Helena e Cici. O encontro aconteceu na própria Comunidade Quilombola Volta do Campo Grande e foi uma verdadeira celebração da cultura regional do Piauí. Os mestres de Floresta caíram dentro do Samba e peneiraram com aprovação dos sambistas do lugar.

Inácio de Minga propôs de forma inesperada que Mestre Gabiru ensinasse para os batuqueiros da Volta a Dança da Lezeira, expressão cultural mais representativa de Floresta, e então uma enorme roda se formou instantaneamente. De forma risonha e alegre, Gabiru facilmente transmitiu como o passo da dança é feito, além da resposta em coro que é realizada após os versos que ele entoava. O povo da Volta gostou de brincar a Lezeira e pediu para Gabiru ensinar mais e mais, o que foi feito com grande bom-humor e espontaneidade.

Esta celebração cultural fortaleceu tanto a Volta quanto a Floresta, que se comprometeram a dar continuidade a fraternidade do passado e unir suas forças para encontros culturais futuros. Este é, em última análise, um dos objetivos essenciais da Lei do Patrimônio Vivo do Estado Piauí, que visa incentivar ações para que a cultura regional ancestral seja mantida e estimulada.

Auxiliaram a promover este encontro histórico os pesquisadores de Cultura Popular Eduardo Pontin e Francisca Sousa (Neidinha de Chica de Geraldo), além do sonoplasta Zé Dantas e do cineasta Roberto Sabóia. Os Mestres de Cultura de Floresta tiveram também o apoio da Prefeitura de seu município para o deslocamento até a Volta.

O Quilombo da Volta do Campo Grande ganhou alma nova com esta festança. Muitas pessoas da comunidade que estavam afastadas do Samba voltaram a brincar com prazer e alegria. Jovens participaram de forma ativa e demonstraram grande interesse na cultura de seus ancestrais. Crianças observavam atentamente e procuravam imitar seus pais, tios, primos e vizinhos, dançando cheias de vida. A meta a partir de agora é construir uma Casa de Cultura para a realização da festa do Samba. Com a certificação de Patrimônio Vivo do Piauí, o Batuque da Volta do Campo Grande visa manter suas atividades culturais com força e esperança.

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