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25 de abril de 2024
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Voluntários farão expedição ao Parque Serra da Capivara para criar plano de desenvolvimento do turismo

Preocupados com a situação do parque nacional declarado como Patrimônio Mundial da Humanidade no interior do Piauí, universitários de várias cidades do Brasil viajam nesta segunda-feira a São Raimundo Nonato (PI) para dar início aos estudos de campo destinados à criação de um plano de desenvolvimento para o turismo da região.

Voluntários de diferentes universidades brasileiras partem, nesta segunda-feira (11/7), para uma viagem ao Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, preocupados com a viabilidade turística da região.

A primeira etapa da Expedição Serra da Capivara, articulada em rede e bancada pelos próprios participantes, com apoio das instituições locais, é uma missão de reconhecimento das comunidades ligadas à unidade de conservação e da infraestrutura turística local. O objetivo: compreender, estruturar e promover o turismo de viés comunitário, utilizando tecnologias globalizadas (como os sites de hospedagem) que facilitem a geração de renda para os moradores e o parque.

Durante uma semana de pesquisa, os estudantes* vão conviver com a população do Sítio do Mocó, localizado ao pé da monumental Pedra Furada e “porta de entrada” do maior território de arqueologia das Américas, na cidade de São Raimundo Nonato (PI). Eles também visitarão a comunidade do Nova Zabelê, que foi desapropriada pela demarcação da área federal há mais de trinta anos e até hoje não se adaptou ao propósito turístico do parque nacional, criado pelo Decreto Federal 83.548/1979. Outro grupo de universitários se juntará à expedição no próximo dia 21, para substituir a primeira equipe e conduzir uma nova pesquisa de campo, que vai até o fim do mês (31/07).

“A expedição é o início de um projeto de longa duração. A ideia foi lançada em junho no Facebook (#expediçãoserradacapivara), obteve mais de mil curtidas e atraiu dezenas de colaboradores”, conta Maria Vitória Ramos, coordenadora da iniciativa, que ontem (10) deu início à campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) do projeto – por enquanto, os integrantes da excursão estão arcando com os custos da viagem. Aluna do segundo ano de Jornalismo da Cásper Líbero, em São Paulo, a jovem de 20 anos conheceu o Parque pela primeira vez em 2011, durante uma excursão escolar. “Queremos aproveitar o fato de que somos jovens ‘de fora’, uma novidade, para articular a população com as instituições locais, visando o desenvolvimento do turismo na região”, explica.

Dentre as iniciativas propostas pela expedição está orientar os interessados na criação de albergues (hostels); capacitá-los no uso de sites de hospedagem como o AirBnB; e desenvolver atividades que promovam o turismo de aventura e esportes. “Enquanto o parque não gera renda, ele não faz sentido para as comunidades. Os hotéis de São Raimundo Nonato, por exemplo, não atendem às exigências do turista de classe alta e tampouco são acessíveis para o turismo de baixo custo”, observa a estudante Maria Emília Ribeiro, outra coordenadora do projeto, preocupada com a infraestrutura da região. “Pretendemos melhorar a estrutura turística para aumentar a renda local, por meio de ferramentas consolidadas nesse mercado”, diz a secundarista de Relações Internacionais da PUC-RJ.

A Expedição Serra da Capivara foi encorajada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), onde virou um projeto de extensão. De São Paulo, a Agência Agávea de Produção e a Faculdade Cásper Líbero também garantiram apoio, além da agência Ecoturismo Cultural, do Mato Grosso, que tem interesse em promover a região como destino turístico. A expedição foi comunicada à Fundação do Homem Americano, que cederá hospedagem, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que são as instituições responsáveis pelo manejo da unidade de conservação.

O Parque Nacional da Serra da Capivara, uma das únicas áreas de preservação da caatinga brasileira, guarda centenas de sítios arqueológicos e paleontológicos, com pinturas rupestres e outros vestígios milenares, além de paisagens deslumbrantes e monumentos naturais, que justificam o tombamento de 135 mil hectares pelo governo federal e o título de Patrimônio Cultural da Humanidade (Unesco). A Expedição Serra da Capivara tem potencial para mudar não somente a vida daqueles que vivem no entorno da reserva ecológica, mas também a dos próprios estudantes metropolitanos em sua relação com a natureza.

*Alunos de História na USP, Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Cinema na Faap, pedagogia na UFSCar, Ciências Sociais na UFRGS e RI na PUC-RJ; além da colaboração à distância de um estudante de Economia na UFMT e do apoio local da Univasf de São Raimundo Nonato (PI)

O Olho

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